Uma das mais antigas e conceituadas instituições de ensino do município de Santana enfrenta seu momento mais crítico e lamentável.
Localizada no centro histórico da cidade, a Escola Estadual Professor José Barroso Tostes (conhecida como “BT”) atende mais de 1.000 estudantes.
Representantes do Grêmio Estudantil e das turmas mais prejudicadas pela falta de infraestrutura manifestaram-se pedindo a reforma urgente da instituição.
Segurando cartazes e faixas, os estudantes foram para a frente da escola no último dia 19 de setembro, para externar sua indignação diante da situação precária que já se arrasta há décadas.
As reclamações são inúmeras, tanto de alunos quanto de servidores (estes pediram anonimato), envolvendo problemas na estrutura física, falta de climatização em diversas salas e até questões relacionadas ao cardápio da merenda escolar, cujo valor destinado é considerado insuficiente para atender os estudantes.
“Chega a ser inacreditável que uma escola tão bem conceituada e que coleciona centenas de prêmios nacionais esteja hoje com tantos problemas, e ninguém toma providências”, disse Ingrid, 17 anos.
Centrais de ar com defeito
Com 15 salas de aula, muitas já apresentam centrais de ar-condicionado com problemas que vão desde a ausência de manutenção periódica até a falta de limpeza, chegando ao não resfriamento adequado para turmas de 35 alunos.
Alguns aparelhos demonstram sinais de que podem parar de funcionar a qualquer momento.
A situação se agrava porque, das 15 salas, apenas uma possui janelas; as demais têm tapumes de compensado, o que torna permanecer no ambiente um verdadeiro desafio.
“É complicado estudar numa escola com essa falta de estrutura. As salas são muito quentes e abafadas, e isso atrapalha bastante. Muitos alunos moram longe, e quando chegam aqui esperam um ambiente climatizado e confortável para poder estudar, mas, infelizmente, a realidade é diferente”, relatou Fernanda, 18 anos.
A estudante Keise, 17 anos, reforçou:
“Uma escola só pode oferecer educação de qualidade se tiver condições mínimas de estrutura para alunos, professores e funcionários. Hoje, infelizmente, não é isso que a gente tem. Ressalto que temos, sim, profissionais excelentes, educadores e gestores que fazem milagres. Prova disso é o desempenho exemplar dos alunos no Enem e o destaque no Ideb”, disse.
“Para falar das centrais de ar, temos que falar da infraestrutura como um todo. Temos funcionários e professores maravilhosos que fazem o possível e o impossível com o que têm, mas às vezes falta o essencial, que é uma estrutura de qualidade”.
Segundo o diretor adjunto, Lucas Murilo, poucas centrais passam por serviços periódicos de limpeza devido à limitação dos recursos repassados à escola.
“Das mais de 30 centrais que temos, conseguimos realizar manutenção periódica em apenas 14. Algumas apresentam problemas, mas a gente procura dar um jeito com o pouco recurso que vem”, disse.
Um bloco inteiro, que seria destinado a laboratórios conforme o projeto original, completará 18 anos sem jamais ter sido inaugurado. A construção foi iniciada em 2008, mas as obras foram paralisadas pelo poder público.
A professora Elissandra Lopes, que está no segundo ano à frente do movimento “Reforma do BT, JÁ!”, alerta, junto com seus alunos, sobre a lentidão do processo.
“Não podemos aceitar que se demore tanto tempo para a tomada de providências. Nossa escola dá resultados exuberantes à sociedade e por isso não pode ficar sucateada”, completou a docente.
Outro professor, que pediu anonimato, também reclama do descaso. “O bloco ajudaria na formação dos alunos por meio da prática, mas infelizmente não quiseram acreditar nessa ideia”.
Esse mesmo docente citou problemas nas paredes, banheiros comprometidos, falhas constantes na fiação elétrica e desmotivação entre alunos e profissionais.
Durante o protesto da semana passada, a merenda também foi alvo de críticas.
Alunos relataram que o cardápio varia em alguns dias, mas, na maioria das vezes, não é suficiente para quem permanece mais de cinco horas na escola.
O lanche costuma variar entre mingau, café com tapioca e suco com biscoito.
“Tem dia que a merenda até vem legal, com frango, mas há dias em que servem Nescau com bolacha. Isso não deveria mais existir, estamos em outro século”, criticou Gustavo Santos, 17 anos.
Uma referência na educação do Amapá
Fundada em 1963, a Escola Estadual Professor José Barroso Tostes é uma das mais antigas e tradicionais instituições de ensino de Santana.
Entre 2008 e 2020, apresentou alguns dos melhores indicadores do Ideb no estado. Em 2019, passou a adotar o sistema de Gestão Democrática.
O blog entrou em contato com a Secretaria de Estado da Educação (Seed), que enviou a seguinte nota:
Nota de Esclarecimento da SEED
A Secretaria de Estado da Educação (Seed) informa que a reforma da Escola Estadual Barroso Tostes, localizada no município de Santana, já está prevista no cronograma para o início do próximo ano letivo.
A Secretaria também destaca que uma equipe técnica será enviada à unidade escolar na próxima semana para averiguar a necessidade de reparos pontuais, garantindo as melhores condições de funcionamento até a execução da reforma.








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