A presença de produtos amazônicos no mercado asiático com mais rapidez. Essa é a meta do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Para isso, na última etapa da missão oficial à China, o ministro Waldez Góes participou de três compromissos relacionados à nova rota marítima direta entre a região da Grande Baía – Guangdong HongKong Macau – e o Porto de Santana das Docas, no Amapá. O objetivo é fortalecer o comércio internacional com foco no desenvolvimento regional, bioeconomia e integração produtiva.
No último sábado, 16, a delegação brasileira visitou o Porto de Gaolan, em Zhuhai, um dos principais terminais da Grande Baía e ponto estratégico para o fortalecimento do comércio com o Brasil. Ainda na cidade, os representantes do governo conheceram a sede da Plataforma Integrada de Serviços Econômicos e Comerciais Sino-Latino-Americana, iniciativa que busca facilitar transações comerciais em parceria com a empresa Zhuhai Sino-Lac Amazônia e a Companhia Docas de Santana.
A rota marítima reduz custos logísticos, diminui o tempo de transporte e fortalece o comércio bilateral. O primeiro navio tem previsão de chegar em breve ao Porto de Santana, o que confirma o progresso da iniciativa.
“Essa conexão amplia a presença dos produtos amazônicos no mercado asiático e intensifica o intercâmbio comercial com a América Latina”, afirmou o ministro.
O Porto de Gaolan entrou em operação há 20 anos e, neste ano, passou a contar com a rota direta para o Amapá, devido ao diálogo político do presidente Lula com o presidente Xi Jinping, que intensificou as relações bilaterais Brasil-China.
Primeiro navio este mês
De acordo com o CEO da Sino-Lac Amazônia, Marcius Nei Santos, o primeiro navio que saiu de Zhuhai chega a Santana ainda neste mês e já está previsto um segundo embarque para setembro. Ele ressaltou que a nova conexão reduzirá drasticamente o tempo de transporte entre a Amazônia e a China.
“Nossa meta é que um navio saindo de Santana chegue a Zhuhai em 30 a 35 dias, o que é excepcional. Hoje, uma carga enviada pelos portos do Arco Norte da região amazônica leva, no mínimo, de 90 a 180 dias para chegar a um porto chinês. Toda essa estrutura vai alavancar a venda e a isenção - de barreiras comerciais - dos produtos brasileiros no mercado chinês”, explicou o CEO da Sino-Lac Amazônia.
A área da Grande Baía de Guangdong possui o maior Produto Interno Bruto (PIB) da China.
“São 120 milhões de consumidores com um potencial muito grande de absorver os produtos da Amazônia, como açaí, castanhas, peixes, carne bovina, madeira e minérios”, destacou Marcius Nei.
Além de atender à demanda interna, a partir da Grande Baía, as cargas provenientes do Brasil também podem alcançar outros mercados estratégicos, como Vietnã, Indonésia, Japão e Coreia do Sul.
Durante a visita à sede da Plataforma Integrada de Serviços Econômicos e Comerciais Sino-Latino-Americana, a delegação brasileira conheceu a estrutura de armazéns refrigerados e de carga seca, além de dois blocos de prédios exclusivos para o Brasil.
Esses espaços têm capacidade para receber até 150 empresas brasileiras interessadas em se instalar na China.
“É uma oportunidade única para que companhias do Brasil abram filiais em Zhuhai e coloquem seus produtos diretamente à disposição do consumidor chinês. É um momento particularmente oportuno porque a relação comercial Brasil-China, que já é a principal do nosso País, tende a crescer ainda mais. Estimamos um potencial para aumentar duas ou três vezes os valores de intercâmbio comercial - nos próximos anos”, concluiu o CEO da Sino-Lac Amazônia.
O deputado federal Paulo Pimenta (RS), que integrou a comitiva, afirmou que, além da rota já estabelecida entre Gaolan e o Porto de Santana, está em avaliação a criação de uma nova ligação marítima.
“Discutimos a possibilidade de ampliação para outras rotas, incluindo o Rio Grande do Sul. Aqui está o futuro, a possibilidade de ampliação das nossas exportações”, declarou.
Cooperação sub-regional
Na última sexta-feira, 15, a delegação brasileira cumpriu uma intensa agenda institucional em Zhuhai, participando de encontro com o vice-presidente do Comitê Municipal de Zhuhai da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, Zang Song.
A ocasião reiterou a importância da integração econômica e logística entre o Porto de Gaolan e o Porto de Santana.
O ministro Waldez Góes ressaltou que a cooperação com a Província de Guangdong abre espaço para diversificar exportações brasileiras e fortalece uma agenda voltada à bioeconomia, à inovação e ao desenvolvimento regional.
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial identificou grande potencial para produtos como castanha-do-pará, pimenta e café nos mercados da China, Japão e Europa.
“Esses produtos possuem valor ambiental, social e econômico, gerando renda para milhares de famílias na Amazônia. O Amapá apresenta condições semelhantes, com destaque para cadeias produtivas sustentáveis e localização estratégica”, ressaltou.
O vice-presidente Zang Song destacou o interesse mútuo de Brasil e China em aprofundar suas relações.
“Nosso objetivo é consolidar o Porto de Gaolan como eixo de importação das mercadorias brasileiras, permitindo que cheguem diretamente a Zhuhai e sejam distribuídas para toda a Ásia. Com a presente rota marítima, queremos fazer uma rota para navios de contêineres de especialidades”, afirmou.
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