Visita do Projeto Rondon à Vila Maia completa 50 anos

Membros do Projeto falando com alunos de Santana
No final de janeiro de 1969, uma equipe do Projeto Rondon que atuava no município paraense de Afuá se deslocaria para a cidade de Macapá, no então Território Federal do Amapá, e durante o tempo que permaneceriam atendendo às pessoas daquela região, os universitários do Projeto ficaram alojado nas residências da conhecida Vila Amazonas.

Foram cerca de 50 universitários – entre homens e mulheres – que desembarcaram na capital amapaense na tarde do dia 30 de janeiro daquele distante ano de 1969. 

Criado como uma oportunidade para universitários voluntários contribuírem, durante suas férias, para o desenvolvimento de comunidades carentes de alguns Estados do Norte Brasileiro, o Projeto Rondon surgiu em meados de 1967, em Rondônia, formado por 32 voluntarios, durante quase um mês de pesquisas e serviços assistenciais naquela região.

Somente no ano seguinte (1968), o então Ministério do Interior criaria o Grupo de Trabalho Projeto Rondon, com o Decreto nº 62.927, de 28 de junho de 1968, estendendo a ação ao Mato Grosso e à Amazônia, com a adesão de 648 jovens. 

Projeto no Amapá 
O Projeto chegou às terras amapaenses através de uma articulação interministerial, garantindo o encadeamento de vários campos de conhecimento como saúde, saneamento e meio ambiente entre outros. 

Quando ainda não tinham vindo para o Amapá, tomaram conhecimento sobre a existência de uma comunidade existente nas proximidades das instalações do Projeto ICOMI, em Santana. Foi justamente esta comunidade – denominada de Vila Doutor Maia – que seria o ‘ponto alvo’ dos universitários logo que chegassem à região. 

Equipe oficial do Projeto Rondon na Amazônia
Somente na manhã do dia 1º de fevereiro que um grupo de 32 universitários saíram às ruas da pequena e modesta Vila Maia, em Santana, onde logo constaram que, como ocorria em grande parte do interior do país (na época), o povo retirava a água de poços ou então usava dos rios. 

Como já havia um posto medico na Vila, mantido pela Prefeitura de Macapá, os membros do Projeto viram que o citado prédio tinha uma sala para ginecologia, uma sala de vacinação, um ambulatório, uma sala de atendimento com seis leitos e um laboratório de análises e instalações sanitárias. 

Ainda na área da saúde, uma equipe-voltante de Macapá, coordenada pelo estudante de Medicina Renato Macedo, aproveitou a ocasião da visita dos membros do Projeto Rondon e vacinou 2.267 crianças contra poliomielite, outras 144 contra a varíola, além de atender, para exames, outras 370 pessoas. 

A malária, a verminose e a anemia foram as principais doenças encontradas pela equipe do Projeto nessa comunidade de Santana; a falta de noções de higiene foi uma das principais causas da disseminação de determinados males, principalmente os transmitidos por vermes. 

No âmbito educacional, visitaram as instalações do Grupo Escolar José Barroso Tostes, onde conversaram demoradamente com a diretora do educandário, a professora Gentila Corrêa Nobre, que falou aos membros do Projeto que o ensino primário na região passava por uma fase difícil, em decorrência do fato das professoras não estarem ambientadas com o novo método de ensino que havia sido implantado. 

Existia ainda a dificuldade de relacionamento escola-família, onde os pais raramente compareciam às reuniões mensais promovidas pela escola. 

Após escutarem várias reivindicações da professora Gentila, os universitários do Projeto organizaram, sob a orientação da Legião Brasileira de Assistência (LBA), um clube de mães, pois, a maioria das donas-de-casa não trabalhavam e passavam por dificuldades financeiras. 

Curiosamente, um dos grandes sonhos da então comunidade da Vila Dr. Maia seria ver a região transformada em zona de livre comércio, segundo resultado de uma pesquisa realizada pelos próprios universitários ao percorrerem todo aquele núcleo populacional durante a tarde daquele dia 1º de fevereiro de 1969. 

Ao concluírem o levantamento de inúmeros dados daquela comunidade, os membros do Projeto retornaram à Vila Amazonas, para que dois dias depois seguissem com as ações assistenciais do Projeto para o Estado do Acre.

Comentários