Pedido de justiça marca enterro de Tielli Alves

Durante enterro de Tielli, vários pedidos de justiça
Um protesto silencioso marcou o enterro da jovem Tieli Alves Medeiros, de 25 anos, na tarde deste domingo (28), no cemitério de Santana. Ela era namorada do lutador do UFC Raulian Paiva Frazão, de 22 anos. O casal foi atropelado no dia 21, por um carro após desentendimento em um estabelecimento comercial. 

Sob lágrimas e com cartazes de pedido de justiça, amigos e familiares contaram que essa foi a forma para chamar a atenção das autoridades para que os responsáveis sejam punidos. Márcia Batista, amiga do casal, lamentou a perda da jovem. 

“O sentimento é de impunidade porque nós sabemos que isso não foi um acidente. Esse caso se trata de um assassinato e uma tentativa de homicídio. Agora, nós, amigos e família, estamos aqui, velando e enterrando ela”, disse Márcia Batista, amiga do casal. 

Casal foi atropelado em cruzamento
Dois homens suspeitos de atropelarem o casal tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça do Amapá na segunda-feira (22) e estão no Instituto de Administração Penitenciária (Iapen). O carro usado no atropelamento foi queimado após o episódio. O motorista estava conduzindo sob o efeito de bebida alcoólica, segundo a Polícia Militar (PM). 

Cleia Sales, amiga próxima de Raulian, falou que o lutador está abalado com a situação. Ela destacou que conheceu Tieli quando ainda no início do namoro dela com Raulian. 

“Está sendo muito difícil para todos nós. Eu acompanhei tudo, desde quando Raulian começou a lutar, o início do relacionamento dele com a Tieli, e eles eram unha e carne. Foram duas vidas interrompidas, apesar de o Raulian continuar vivo, ele está muito abalado”. 

O acidente 
De acordo com a polícia, no dia 21 o casal estava em um estabelecimento comercial na Rua Adálvaro Cavalcante, onde ocorreu a discussão. Um dos suspeitos teria assediado a namorada do lutador. O casal deixou o local em uma moto, e no semáforo da Avenida Princesa Izabel com a Rua Ubaldo Fugueira, ao parar no sinal vermelho, a moto em que Raulian e Tieli estavam foi violentamente batida por trás e arrastada. 

Cartazes exigindo justiça aos responsáveis
Com o impacto, Raulian foi arremessado. Já Tieli ficou presa e foi arrastada por pelo menos 20 metros pelo carro. Após se desprender do veículo e cair no chão, a moto continuou a ser arrastada. Depois do fato, os dois homens pararam o veículo e tentaram fugir, mas foram cercados por populares, que queimaram o carro. 

De acordo com o Hospital de Emergência (HE), Tieli bateu gravemente a cabeça no asfalto. O estado de saúde dela era considerado gravíssimo, por isso foi internada na UTI e chegou a respirar com ajuda de aparelhos. Ela morreu no sábado (27), na unidade de saúde. 

Em entrevista, o lutador, que teve escoriações nos braços, costas e pernas, afirmou ter sido alvo de xingamentos e disse não ter revidado a provocação, vindo apenas a sair do local. Ele descreveu o atropelamento como “um ato de covardia”. 

Câmeras registraram carro arrastando motocicleta
“Tudo isso aconteceu por uma covardia. Um rapaz mexeu com ela, mas não liguei. Depois, mexeu comigo, queria brigar porque sou lutador, para ver o meu potencial. Não dei ouvidos a isso e, quando fui embora, me fecharam”, contou, completando: 

“Quando fui arremessado, soube cair, não me machuquei muito. A trava do meu capacete estava presa. Eu me ralei, bati um pouquinho. A minha namorada não estava com a trava presa e, quando ela voou, o capacete saiu. Ela caiu de cara no chão, desmaiada. Desde ontem (domingo) ela está na UTI, desacordada. Os médicos estão fazendo o que podem, dando força a nós. Eu não me machuquei muito, não tive nada grave, mas a porrada foi muito grande. Do pescoço para baixo está tudo ok com ela, pressão, coração, está urinando, e se alimentando pela sonda. A porrada foi grande na cabeça quando ela caiu. Tive sorte de não me machucar”, disse o lutador.

O que disseram os suspeitos 
Em depoimento, o passageiro do carro disse ter sido abordado por Raulian, no estabelecimento comercial, que deu dois tapas leves em sua nuca e tomou satisfações por motivos que desconhece. 

Afirmou que não assediou a namorada do lutador e que não conhecia o casal. Disse também que não lembrava de ter havido troca de agressões e nem arremessos de latas e garrafas. 

Sobre ter atropelado a moto, ele falou à polícia que o carro em que estava foi perseguido por três motocicletas que vinham atrás e na lateral do carro e se sentiu ameaçado. Depois ele viu uma das motocicletas ir para a frente. 

“Que sentiu-se ameaçado com uma motocicleta que se aproximava à sua direita e, ato reflexo, puxou o braço do condutor de modo a tentar atingir a motocicleta que se aproximava pela lateral direita do veículo, vindo a colidir com a motocicleta à frente. Que não perceberam a moto presa, por isso não pararam e que fugiram com medo da atitude de populares”, detalha trecho do depoimento. 

Já o segundo envolvido, o motorista, relatou ter presenciado o amigo levando dois tapas na nuca e manteve a versão de que, ao sair do local, foi perseguido por motos e não viu o veículo na frente do carro. 

“(...) Não havia visto a moto à frente do carro antes da colisão. Em razão do impacto, o carro estancou o motor alguns metros à frente. (...) religou o veículo para continuar o percurso e percebeu que havia algo travando o deslocamento. Que acelerou, mas o veículo não se deslocou porque estava preso em alguma coisa, que deu uma marcha ré, livrando veículo do obstáculo e em seguida continuou. Que ao entrar numa rua próximo do hospital de santana o veículo não pode mais prosseguir porque acreditava que o pneu havia sacado. Que após parar tentou correr, mas foi detido por mototaxistas”. 

O lutador de UFC, Raulian, ganhou destaque depois de vencer uma luta em Las Vegas, há quatro meses, pelo Contender, reality show de artes marciais. 

Com a vitória sobre Alan Nascimento, ele assinou contrato de quatro lutas com a UFC. A próxima disputa, marcada para dezembro, poderá ser adiada.

Informações postadas no G-1 Amapá

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