Lotação obriga crianças a serem atendidas em bancos e corredores na pediatria de Santana

Bancos adaptados para atender crianças
Uma sala de repleta de leitos, macas e colchões empilhados contrasta com enfermarias lotadas de crianças esperando por atendimentos em bancos e corredores. 

As duas realidades, quase distantes, estão separadas por poucos metros no setor de pediatria do Hospital Estadual de Santana, a 17 quilômetros de Macapá. A não utilização dos materiais que poderiam oferecer o mínimo de conforto aos pequenos é apenas um dos problemas relatados por pais e mães. 

O Hospital Estadual é o único da segunda maior cidade do Amapá e recebeu na quinta-feira (26) uma visita da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Indignados, os responsáveis pelas crianças reclamaram da falta de acomodações, remédios, da estrutura do local e também da falta de aparelho de raio-x. 

Após a visita, na tarde de quinta-feira a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) anunciou a entrega de equipamentos e móveis para atender vários setores da unidade. Entre os itens, estão 19 camas e 20 poltronas hospitalares, além de 60 cadeiras de roda, cinco carros de emergência, quatro macas para banho, entre outros. 

As reclamações sobre o hospital partiram da advogada Elizângela Sanches, que esteve com a filha internada na pediatria com pneumonia. Ela juntou outras mães para relatar o problema e cobrar soluções que serão juntadas num relatório produzido pela Comissão de Saúde da OAB. 

Leito encostado em parede com infiltração
"Vamos formalizar essa denúncia junto à OAB para informar que tem salas prontas, acabadas para receber pacientes, só que não existe uma ação direta da diretoria. Precisamos de atitude, isso é um hospital, estamos falando de seres humanos", desabafou a advogada. 

Além das deficiências, mães de crianças internadas e do pronto atendimento apontam o custo financeiro para custear remédios e exames não oferecidos dentro do hospital, entre eles o raio-x. Esmelindra Xavier, de 36 anos, está no hospital há 10 dias com filha de oito meses. 

"Minha filha está com pneumonia e tive que ir 'bater' o raio-x fora e a gente não tem condições de estar batendo no particular. Não nos falam falam nada se retornar, apenas nos dão o pedido e dizem que aqui não está funcionando", criticou a mãe de Maria Elis, que sofre de pneumonia. 

Heraldo Gomes está com a filha Flávia, de 6 anos
Sobre o aparelho, a Sesa explicou que existe um raio-x novo e instalado no hospital de Santana, mas por falta de um equipamento os exames não podem ser ofertados para o público que necessita. 

"O raio-x é um equipamento novo, está instalado, mas a reveladora, que revela as imagens está chegando no máximo no prazo de sete a dez dias", explicou Hely Góes, secretária adjunta de Atenção à Saúde. 

Ainda em relação a lotação dentro do hospital, a Sesa explica que a maior parte das crianças está em observação, e não internada. Reforça ainda que a maior parte dos pequenos pacientes poderia ser atendido na atenção primária, como nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). 

"O que falta para a gente aqui no estado é falta de estrutura. Porque os profissionais são empenhados em trabalhar, em ajudar. Eles fazem o trabalho bem, mas não têm condições de fazer um trabalho melhor. Os enfermeiros, técnicos e médicos são muito atenciosos", desabafou Heraldo Gomes da Costa, que está no hospital com a filha de seis anos. 

Informações do G-1 Amapá

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