Abastecido por balsas, Amapá passa à margem da crise dos combustíveis

Com praticamente todo o abastecimento de combustíveis feito por balsas, o estado do Amapá é das poucas unidades da federação que, até o momento, não sentiu o impacto direto da paralisação nacional dos caminhoneiros. 

“Temos recebido a quantidade habitual de combustíveis e a expectativa é de que, com a notícia de que as lideranças do movimento pediram aos caminhoneiros para começarem a liberar o tráfego de veículos nas rodovias, não sejamos afetados”, disse a Agência Brasil o presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis do Amapá (Sindpostos), Valter Montes. 

Segundo Montes, a base de distribuição de combustíveis de Macapá opera normalmente, embora as vias de acesso ao Porto de Santana, como a Rodovia Duca Serra, tenham sido parcialmente obstruídas por caminhoneiros que protestam contra a alta do preço do diesel, retardando o tráfego de veículos. Apenas 17 quilômetros separam Santana do centro da capital amapaense. 

Apesar disso, ao assistirem no noticiário a situação no resto do país, muitos macapaenses correram para os postos de combustível a fim de encher os tanques ou estocar gasolina. Em consequência do aumento da demanda, alguns postos ficaram sem produtos.

Aproveitando-se da situação, os donos de alguns estabelecimentos aumentaram os preços, o que fez com que o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) passasse a monitorar eventuais aumentos abusivos na capital e em Santana. 

“O abastecimento, neste momento, está dentro dos padrões habituais do estado”, garantiu o secretário-adjunto da Administração, José Marlúcio Alcântara, confirmando que alguns postos ficaram sem combustível devido à corrida aos postos. “Principalmente aqueles onde o preço estava mais barato”, acrescentou. 

Apesar de descartar qualquer “perspectiva de desabastecimento”, Alcântara revelou que, por precaução, o próprio governo estadual decidiu orientar os diversos órgãos públicos a economizarem combustível, procurando otimizar o uso dos veículos oficiais em serviços administrativos. 

“Foi uma medida adotada preventivamente e que não afeta serviços essenciais de segurança pública e saúde”, disse o secretário-adjunto, destacando que o abastecimento da frota do governo segue dentro da normalidade. 

De acordo com Alcântara, embora o tradicional abastecimento por balsas-tanques encareça o produto, estando sujeito a imprevistos característicos da navegação de cabotagem, o modal acabou favorecendo o Amapá. “Há prós e contras, mas é um transporte alternativo frente a quaisquer adversidades. Na Amazônia, então, é uma alternativa que nunca pode ser descartada”, concluiu Marlúcio. 

Matéria originalmente postada na revista Isto É

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