Se estamos interligados, porquê os “apagões” continuam?

Diversos bairros de Santana ficam diariamente
sem energia elétrica.
Esta foi uma das diversas perguntas que dezenas de consumidores buscavam por respostas quando compareceram ao prédio da agência da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) na manhã desta quarta-feira (26/11), levando consigo outras reclamações que vão desde as omissões de faturas (não-entregues) até sobre o valor indevido dos consumos elétricos determinados nessas faturas mensais. 

Ainda faltava menos de meia-hora para a agência de Santana abrir o expediente (abre pontualmente às 08:00hs da manhã) e a frente do prédio, localizada no cruzamento da Rua Ubaldo Figueira com a Avenida Princesa Isabel, já estava tomada por dezenas de pessoas – mais de 30 – que vieram com o propósito de questionarem sobre seus direitos. 

“Já imaginou você tirar uma manhã para ficar vindo resolver um problema que poderia ter sido evitado?”, perguntou revoltada a doméstica Cláudia Moraes, que reside no bairro Novo Horizonte, que alega vim todos os meses solicitar a 2ª via da fatura de consumo elétrico, devido o referido talão não chegar mensalmente em sua residência. “Não é minha obrigação ficar vindo aqui buscar pelo talão, se já tenho o dever de pagar em dia por ele”. 

Além de Cláudia, outros consumidores da CEA demonstraram indignação com alguns serviços que a estatal amapaense vem realizando no município. 

“Eles chegam cortando sem avisar, e tem vez que até levam os fios. E quando voltam na casa, não querem religar por que dizem que não fio, se foi eles mesmo que levaram”, questionou o pedreiro Alcemir Lobato, que foi um dos primeiros a chegar à agência, por volta das 06:30hs da manhã. 

Interrupções
A questão sobre as constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica que (ainda) vem ocorrendo em Santana foram expostas por diversos consumidores que estiveram na agência nesta quarta-feira (26), onde apenas receberam o comunicado de uma funcionária da CEA de que tais “interrupções são normais”, o que acabou deixando as pessoas presentes mais revoltadas com a justificativa da empresa. 

Moradores do bairro Hospitalidade protestaram
durante o "apagão" que afetou o bairro ontem (26).
“Se a CEA diz que o Amapá foi interligado pelo Linhão de Tucuruí, por quê ainda estão acontecendo tantos ‘apagões’ na cidade? Isso nos dá a entender que estamos sendo enganados com uma informação mentirosa”, reclamou o autônomo Elisiel Batista, que ainda somou a perda de várias lâmpadas durante as interrupções de energia que ocorreram esta semana. “Só esta semana, já gastei mais de R$ 60 somente comprando lâmpadas que queimaram por causa dessas interrupções”. 

Uma funcionária da CEA, de prenome Selma, explicou ao blog que a agência da estatal em Santana somente realiza os serviços rotineiros de atendimento como solicitações de ligações novas, e corte/religação, sendo que a questão relacionada com as interrupções de energia elétrica devem ser registradas para o Plantão da Companhia, através do telefone 08000960196. 

“Esses ‘apagões’ só podem ser tratados pelo Plantão por que eles têm um controle diário dos motivos que estejam causando essas interrupções”, esclareceu a funcionária. 

Linhão
Em meados de setembro, o presidente da CEA Engenheiro Ângelo do Carmo informou publicamente que o Estado do Amapá estava agora interligado ao restante do país através do Linhão que vinha da UHE Tucuruí (PA), garantindo que as interrupções no sistema elétrico do Estado seriam assim sanados, depois que o Amapá viveu um “martírio” de desligamentos consecutivos desde o início do ano. 

No entanto, moradores que residem em bairros como Nova Brasília e Provedor reclamam diariamente pelos meios de comunicação sobre as interrupções que ainda ocorrem. 

“Esta semana faltou energia em casa das 08:00hs da noite até uma da manhã. E quando ligamos dizem que é um desligamento de emergência, mas não dão previsão para que horas a energia retornará”, reclamou a lojista Lidiane Souza, residente no bairro Provedor I, que ainda disse ter passado pela mesma situação na noite seguinte. “É assim que somos tratados, depois de passar o dia inteiro trabalhando e chegando em casa, ainda temos que ficar no calor por várias horas”. 

O blog tentou contato com a assessoria de comunicação da CEA para buscar informações sobre os tais reclamações, mas não obtivemos êxito.

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