Caos e insegurança no Terminal Rodoviário de Santana

Terminal de Santana encontra-se "às escuras"
Localizado em um dos bairros mais tradicionais do município (bairro Nova Brasília), o Terminal Rodoviário de Santana vem servindo publicamente há quase duas décadas para o embarque e desembarque de passageiros que utilizam o transporte intermunicipal entre as duas maiores cidades amapaenses (das linhas Macapá-Santana e Santana-Fazendinha-Macapá), assim como também para pessoas que viajam constantemente para vários municípios interioranos do Estado do Amapá, como Ferreira Gomes, Porto Grande, Pedra Branca do Amaparí e/ou Serra do Navio. 

Dados extraoficiais repassados por uma empresa particular que comercializa passagens em veículos intermunicipais no Terminal informou que cerca de 5 mil pessoas passam diariamente pelo local. 

Luz dos faróis dos ônibus é que ilumina o Terminal
“Se você vier ao terminal às seis da manhã, já vai encontrar 10 ou 15 pessoas esperando para embarcar em ônibus que vai pra Macapá”, explicou a doméstica Márcia Gonçalves, que utiliza diariamente o serviço, embarcando ainda no ponto de saída da viagem com destino à capital, ou seja, saindo ainda do terminal. 

No retorno do trabalho (por volta das 19hs ou 20hs), a doméstica desembarca no mesmo local da partida, porém, colocando sua vida diante de vários riscos, tudo em virtude da precária situação que o Terminal Rodoviário de Santana vem apresentando há um longo tempo. 

Os problemas são inúmeros, que vão desde a falta de manutenção da parte física e elétrica, como na questão sanitária do local. 

Sem Iluminação
Tanto nas primeiras viagens dos coletivos (durante a madrugada) como no retorno das últimas viagens (depois das 22hs), o Terminal de Santana tem deixado seus usuários apreensivos pela falta parcial de iluminação do local, onde menos de 20% de toda estrutura pública ainda mantêm o funcionamento de algumas lâmpadas e tomadas. 

O posto do Setrap está sem iluminação noturna
“Somente o box da empresa de ônibus que ainda tem uma energia elétrica para ajudar na iluminação do local. Isso por que a empresa (de ônibus) teve que pagar ‘por fora’ para um eletricista efetuar um correção na instalação, se não os fiscais tinham que ficar no escuro”, respaldou um motorista de um ônibus intermunicipais, que não quis repassar seu nome. 

Ainda segundo o motorista, todo o sistema de iluminação externa do local não funciona há meses. 

“Já comunicaram a Setrap (Secretaria de Estados dos Transportes) sobre a situação por várias vezes, só fazem vim aqui e olham, e depois vão embora dizendo que tomarão providências e até agora nada foi levado a frente”, lamentou o motorista. 

A estudante de ensino médio Luana de Castro, que estuda no horário noturno numa escola estadual bem próxima do Terminal, utiliza diariamente o local para o retorno à sua casa. Porém, a ausência da iluminação noturna do local já vem deixando a estudante bastante receiosa. 

“Já cheguei aqui por várias vezes depois das nove da noite e fiquei bastante apavorada por que não havia ninguém por aqui, não havia uma pessoa, ainda não havia chegado nenhum ônibus, e isso deixaria qualquer pessoa com aquela sensação de que algo de ruim pode acontecer a qualquer momento”, prevê a estudante que, mesmo havendo um vigilante noturno pelo local, a falta de iluminação contribui facilmente para os pequenos delitos que podem ser cometidos. 

Passageiros e rodoviários inseguros com a escuridão do local
A deficiência na parte elétrica chega a ser tão precária, que não apenas atinge a área de embarque de passageiros, como também não oferece condições para as três salas existentes no Terminal, fato que pode ser visto até mesmo na sala onde funciona o posto fiscal do local: além de não haver uma padronização da rede de distribuição elétrica adequada no local, deixa diversas fiações expostas, oferecendo grandes riscos para quem trafega nas proximidades. 

“Como a caixa geral de energia não tem tampa ou qualquer outra proteção, várias pessoas ficam se arriscando em mexer em algum fio da caixa para tentar resolver esse problema de iluminação do local, mas na adianta que isso é um problema para as autoridades resolverem. Quando se interessarem de fazer uma reforma geral no local, aí sim terá condições de resolverem tudo”, enfatizou o autônomo Carlos da Costa, que reside próximo ao Terminal, que já foi várias vezes chamado pelos fiscais das empresas de ônibus para tentar solucionar o defeito na distribuição de energia elétrica do local, mas apenas orientou os fiscais de que tal instalação só compete ao poder administrativo do terminal (a Setrap) em efetuar qualquer manutenção interna no local. 

Banheiros depredados
Além de terem que enfrentar os riscos de não haver iluminação noturna, os usuários do Terminal de Santana ainda amargam o sofrimento de não terem qualquer local de âmbito sanitário, pois, os dois banheiros públicos instalados no Terminal já não oferecem qualquer asseio higiênico para uso público. 

"Banheiros do Terminal estão insuportáveis"
Tanto o banheiro masculino como o feminino apresentam um quadro caótico: sem estrutura hidráulica e sanitária, os vasos dos banheiros estão todos desgastados e entupidos, não havendo nem circulação de água nas pias ou torneiras para higienização das mãos. 

“Quem não se aguenta com a vontade, mija aí mesmo pelos cantos da mureta do Terminal. Não tem outra alternativa”, apontou o ambulante Raimundo Limeira, que comercializa gêneros agrícolas na feira municipal situada atrás do Terminal de Santana. 

O comerciante também reclamou do forte odor causado pela fossa existente no Terminal. “Não tem quem aguente trabalhar sentindo esse mal cheiro. Já não é de hoje que já falamos com os fiscais para reclamar sobre essa fossa cheia, mas eles não estão nem aí pra quem trabalha aqui perto”, reclamou. 

Insegurança da área
Junto com a precariedade física e técnica que o único terminal público de ônibus de Santana demonstra, outro inimigo da sociedade está somado: a insegurança que ronda o local, principalmente no horário da noite. 

Passageiros temem sofrer qualquer crime no local
Segundo moradores que residem em frente do Terminal, a praça situada em frente do local, têm servido para vários encontros de “elementos mal intencionados” que constantemente cometem delitos nas proximidades. 

“Na semana passada roubaram um estudante que passava nas proximidades da feira que fica atrás do terminal, e essas pessoas que roubaram o estudante costumam frequentar essa pracinha. Ainda mais que não existe outro ponto iluminado, a não ser a pracinha mesmo, por que no terminal não existe qualquer luz que ao menos evite esses roubos”, disse uma moradora, na qual já testemunhou várias correrias de meliantes durante a madrugada, supostamente resultado de tentativa de roubos e assaltos malsucedidos nas imediações. 

O blog tentou contato com o gabinete do secretário Odival Monterrozo (Setrap) para buscar um posicionamento do órgão com relação ao Terminal de Santana, ligando inúmeras vezes para o telefone 2101-4909 durante a tarde desta quarta-feira (08/04), mas não obtivemos sucesso.

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