Deputado almoça em Hospital de Santana e ouve relatos de irregularidades no local

Dep. Da Lua (paletó preto) almoçando no Hospital
Durante dois dias, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Pedro da Lua, fez inspeções ao Hospital Estadual de Santana para apurar denúncias recebidas pela CDH de que a comida servida pela empresa terceirizada que atende a unidade de saúde estaria imprópria para o consumo humano. 

A denúncia foi feita por meio de vídeo, postado nas redes sociais, onde profissionais de saúde que atuam no centro cirúrgico do hospital, jogam no lixo marmitas, alegando que a comida exalava mau cheio. Na quinta-feira, 19, feriado de São José, o deputado, acompanhado de técnicos da Assembleia Legislativa, resolveu almoçar no hospital e ouviu relatos surpreendentes. 

A empresa que atende a unidade tem contrato que foi celebrado durante a gestão do secretário de saúde Jardel Nunes. De acordo com funcionários do hospital, ao assumir o fornecimento da alimentação, a empresa desativou a cozinha que funcionava no prédio da unidade e onde eram preparados os alimentos e passou a preparar os alimentos em cozinha própria. O detalhe é que as refeições passaram a ser entregues frias e – em alguns casos – azedas. 

O funcionário Júnior Nery, que atua na UTI, lembra que no ano passado, vários funcionários da Unidade de Tratamento Intensivo passaram mal após jantar as marmitas. 

Roane Sampaio, que atua no Pronto Atendimento, relata que nesta semana, uma criança de cerca de 4 anos, internada por problemas gastro-intestinais e em vias de receber alta, voltou a passar mal após ingerir comida fornecida pelo restaurante. O caso está sendo investigado. 

No Centro Cirúrgico, de onde partiu a denúncia, funcionários contam inúmeros relatos de transtornos ocorridos pela alimentação. Por volta das 12h45 de quinta-feira, 19, o almoço não tinha sido servido na unidade, e alguns funcionários largariam plantão às 13h. Os dois médicos plantonistas, doutores Macedo e Luciano afirmaram não comer no hospital por não confiar na qualidade da alimentação. 

O contrato celebrado entre o governo do estado e a empresa Primo José prevê uma alimentação balanceada e nutritiva. A realidade é bem diferente, dizem os funcionários. Ao invés de um cardápio variado, quase todos os dias o prato servido é frango. “Filé de peixe, que consta no cardápio, nunca foi servido desde que iniciou o contrato”, relata a nutricionista Daiana Almeida. 

Em função do alto valor do contrato, celebrado durante a gestão do PSB, funcionários do hospital sugerem que o valor repassado a empresa seja rateado em vale-alimentação aos servidores. O deputado Pedro da Lua prometeu encaminhar a proposta, em forma de requerimento ao governador Waldez Góes. 

O deputado vai continuar a apuração e já solicitou cópia do contrato. Ele também fará visita a cozinha da empresa e fará propostas de readequação do cardápio, a partir das sugestões dos servidores. “O objetivo não é punir ninguém, mas garantir que aquilo celebrado no contrato seja efetivamente cumprido”, declarou.

Comentários