(Artigo) Mas O que faltou no Governo Camilo?

No final de semana passado, dois importantes jornais de grande circulação e respeito local (na qual prefiro reserva-los de citar seus nomes), destacaram um assunto de interesse socioeconômico bem chamativo. Porém, cada jornal tratou de forma diferente o mesmo assunto, deixando muito a duvidar sobre qual deles estaria realmente levando a sério a atual situação da economia em nosso Estado. 

O primeiro jornal dizia que a economia amapaense havia alcançado um crescimento significativo nos últimos três meses, levando em conta que a taxa de desemprego havia reduzido em virtude da instalação de algumas novas empresas no Amapá, e que a possível tendência seria elevar esse número nas ofertas de empregabilidade local. Ou seja, que a demanda na construção civil poderia alavancar no setor empregatício em nosso Estado. 

Até este ponto tentei me posicionar a favor das ações que o Executivo Estadual vem tomando para amenizar esta crise em nossa economia, e que esta tempestade logo-logo poderia passar. No entanto, quando me deparei com a matéria publicada no segundo jornal, parei por alguns momentos para avaliar um ponto bem importante nesse setor que gira em torno do nosso cotidiano: o rendimento social e familiar

E o que seria esse rendimento? Isso, na verdade deveria ser a consequência econômica daquilo que o Executivo Estadual mais se preocupou nos últimos três anos, mas que também não procurou atentar para seus possíveis males junto à sociedade. Ou seja, o atual gestor amapaense pregou (e aplicou) tanto na geração de centenas de empregos, mas acabou esquecendo de observar a carência dessa renda financeira para com o povo do Amapá. 

Pesquisando minuciosamente por informações ligadas ao índice de empregos entre os governos Waldez (2003-2010) e Camilo (2011-2014), houve sim um crescimento bem mais considerável na atual gestão, mas o chamado “tropeço” que causou essa crise está diretamente ligada à falta de um rendimento mais pontual e valorizado. Tanto que parando melhor para observar, qualquer cidadão amapaense nota que a principal propagação política do atual governo implica-se apenas em destacar os substantivos “geração de empregos” e não a “geração de emprego e renda”

Uma falha irreparável que somente após esses quatro anos de mandato puderam ser observados pelos seus analistas. Uma falha que inicialmente estava limitada às empresas terceirizadas, quando o atual gestor assumiu o Poder Estadual e alegou ter constatado inúmeras irregularidades nas áreas administrativas e financeiras do novo Governo. Claro que isso não poderia ter uma solução imediata, mas poderiam ter remediado em tempo hábil, desenvolvendo condições que não comprometessem a estrutura funcional da chamada máquina administrativa Estadual. 

Porém, as atitudes foram seguindo outros caminhos que, na visão de seu rodeado assessoramento executivo, achavam (e ainda acham!) está fazendo a coisa certa. Não adianta querer erguer uma bandeira de conter gastos públicos se a máquina administrativa vai sofrendo um “inchaço” de contratos comissionados. E pior, com salários acima das atribuições permitidas na folha, causando outro grande imbróglio administrativo, que é a chamada pontualidade no pagamento desses vencimentos. 

Adianta um Executivo Estadual oferecer grandes salários se não existir uma pontualidade em seu repasse? Eles têm noção das consequências financeiras e sociais que isso pode causar em relação à sua gestão? Pois bem, foi justamente isso que lamentavelmente acabou se consumando nesse atual governo que o Estado do Amapá vem acompanhando. 

Nos últimos dois anos, já vimos mais de 500 empresas de pequeno e médio porte deixarem nosso rico Estado, justamente por não conseguirem acompanhar esse modo gestão aplicado pelo socialista Camilo Capiberibe. Ou seja, quando vinha o “tão esperado dia do pagamento”, o próprio comércio amapaense se abastecia volumosamente de produtos e mercadorias para serem comercializados, mas acabavam sendo surpreendidos pela lamentável informação de que os vencimentos do funcionalismo público (em principal, dos cargos nomeados e comissionados) não seriam pagos de maneira pontual como ocorre com os funcionários efetivos da administração estadual e municipal. 

Daí vemos um prejuízo econômico para o nosso Estado, quando o comerciante tem que arcar sozinho com as consequências de um investimento sem sucesso. Imaginem ter que assumir um gigantesco valor de mercadorias que, independente de sua comercialização, ter que prestar contas desse acordo, para não comprometer sua dignidade empresarial! Isso sem deixar de incluir outras despesas como o pagamento de seus empregados, o consumo urbano (água, luz e telefone do empreendimento), e o pior de todos, as intermináveis tarifas tributárias que pagamos ao Governo para a prestação de serviço público (alvarás, licenciamentos, ISS, etc). 

Se imaginamos um estabelecimento comercial falindo e levando mais de 20 ou 30 trabalhadores para a rua, vamos imaginar esse mesmo efeito incluindo outros 100 ou 150 estabelecimentos comerciais do nosso Estado. Isso que chamamos de efeito “Dominó”, e a consequência da chamada falta de rendimento social. Em resumo: quando não tem dinheiro circulando na cidade, não vemos nossa economia girando a nosso favor, e muito menos vemos novidades no ramo comercial. 

Agora vamos imaginar esse numero de prejuízo para nossa economia se lembrarmos o atraso que vem sofrendo as centenas de pessoas que colaboram no setor educacional do nosso Estado (merendeiras, transporte escolar, fornecedores de materiais, serviços gerais) que passam até cinco (ou até seis) meses para receber seus lutados vencimentos. Olhem o tamanho incalculável do prejuízo socioeconômico para o nosso Amapá! 

Há quem aposte em novas mudanças futuras que possam mudar esse quadro para nossa economia. Uma mudança que, na verdade, se tiver que ser tomada tem quer em tempo bem mais hábil e ousado. Algo que sinceramente faltou ser visto e ser tomado pelo atual gestor do nosso Executivo Estadual.

Comentários