A produção de embarcações de madeira através da carpintaria naval, profissão quase que artesanal e repassada de geração em geração no interior da Amazônia, está entre as que corre risco de extinção em função da disputa com a indústria de barcos e do menor interesse das novas gerações pela arte, que requer, principalmente, tempo e dedicação.
No interior do Amapá, onde famílias de carpinteiros seguem mantendo viva a profissão, que para muitos é único o ganha pão, um casal que se conheceu pela internet se juntou para seguir com a produção, requisitada normalmente por pescadores e ribeirinhos.
O carpinteiro naval Odair José Pereira que atua há mais de uma década com a fabricação de barcos de madeira agora tem uma parceira para perpetuar a arte.
A conversa virtual com a Noêmia da Silva se tornou amor e há cerca de 1 ano os dois vivem juntos.
Ela pouco a pouco busca aprender as técnicas.
Noêmia deixou a cidade natal, Belém, capital do Pará, atravessou o Rio Amazonas e veio morar com Odair na comunidade ribeirinha de Elesbão, em Santana, na Região Metropolitana de Macapá.
"Não conhecia [a carpintaria naval], conheci ele [Odair] pela internet e acabei vindo para cá. Foi um amor pela internet e estou aprendendo com ele a fabricar barcos. De tudo a gente faz na vida, de tudo um pouco, é trabalho. Esse amor vai durar muito, pelo resto das nossas vidas", disse.
Apesar de ser uma produção artesanal, a carpintaria naval tem se desenvolvido nas últimas décadas, principalmente para dar mais segurança às embarcações.
O uso de novas ferramentas garante mais rapidez nos trabalhos, tendo em vista, que a produção média varia de 30 a 60 dias dependendo do tamanho.
"Quando cheguei aqui ele estava construindo aqui um de 18 metros. E ficava pensando em como ele fazia para a madeira ficar 'enrolada' [curvatura] e depois fui vendo como ele faz com jeitinho, ficando tudo perfeito", completou Noêmia.
Para manter o sustento, Odair conta que consegue fabricar até seis embarcações por ano e atua desde a compra da madeira, das ferramentas até o acabamento.
Mesmo com o risco da profissão ficar mais escassa, ele relata o jeito simples de levar a vida e como a profissão ajuda a perpetuar a cultura do ribeirinho da Amazônia.
"Fica bem na frente da casa, abre a porta e já está no trabalho. Almoça em casa, é mais prático", brinca o carpinteiro.
Informações postadas pelo G1Amapá
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