Bairro mais conhecido da cidade de Santana, Paraíso faz 40 anos de existência

É indiscutível para quem mora na cidade de Santana falar em bairros se não tiver um amigo ou parente que já morou (ou mora) no bairro Paraíso, ou que pelo menos já trabalhou ou estudou ali pelo bairro que hoje é caminho para outros tantos bairros que se formaram através dele. 

Batizado originalmente de Jardim Paraíso, o bairro começou ali por meados do ano de 1983, quando nossa cidade ainda era distrito de Macapá, e o então prefeito da capital (Murilo Pinheiro) percebeu uma expansão descontrolada por várias regiões – tanto na capital como nos perímetros dessa vila portuária. 

Foi então que fizeram um rápido estudo de campo e viram algumas área (em sua maioria de posseiros) sem uso produtivo e logo o poder público foi adquirindo. 

Ainda em fevereiro de 1984, são demarcados mais de 300 lotes numa área que um dia pertenceu a um lavrador chamado Francisco Costa da Silva (conhecido como ‘Chico do Ovo’ ou ‘Zé do Chico’). A área em questão seguia pela atual Avenida Castelo Branco, a partir da atual Rua Osvaldo Cruz, passando o perímetro da Rua Deodoro da Fonseca, porém com quadras incompletas e alguns lotes desalinhados. 

Quem viveu esses primeiros tempos, sabe como era lhe dar com o intenso pernilongo e o carapanã das noites silenciosas, quando haviam apenas, de um lado um incalculável campo de matagal (hoje acessível para bairros como Fonte Nova e Mutirão) e uma rodovia que seguia para Macapá (via Coração). 

A luta popular garante luz e escola 
Se hoje a facilidade de alcançar recursos viáveis para o desenvolvimento de um bairro é mais visível, naquela década era duro e estressante. Quem tinha um poço para ‘puxar’ água era privilegiado. 

E a energia elétrica também era algo virtuoso, já que a primeira rede de eletricidade somente começou a se estender pela Avenida Santana por volta de 1986, nesse mesmo ano começaram a construir uma pequena estação para fornecer água para as ruas que tinham mais moradores sem poço. 

Já para estudar teria que andar bastante, pois a escola mais próxima ficava no Centro da cidade de Santana. Mas a cobrança e persistência de moradores (muitos que hoje já não estão mais entre nós) garantiu a construção da primeira escola do bairro Paraíso, ainda no início de 1987. 

E assim veio a Escola Jardim Paraíso (hoje Escola Municipal Padre Ângelo Biraghi), depois as creches Edrem e Adriele Ferreira para ajudar na formação de grandes nomes de nossa sociedade. Não podemos esquecer também a Escola Everaldo Vasconcellos e Biraguinho. 

O lazer não ficou de fora dos interesses dos primeiros desportistas de nosso bairro, que ainda na década de 1990 fundariam associações esportivas e culturais, que não apenas se tornaram referência social, mas também foram importantes para que praças e campos de futebol surgissem no bairro. 

Estratégico, um bairro hoje ‘semi centro’ 
De acordo com o IBGE, o bairro do Paraíso possui em torno de 25 mil habitantes, sendo que menos da metade desse número esteja residindo no bairro há mais duas décadas. Muitos já venderam e moram na capital ou fora do Estado, e alguns (os primeiros ocupantes) já faleceram, passando a casa para outras gerações. 

Quem vive no bairro, encontra um pouco de tudo, principalmente pelo fato de haver ruas e avenidas consideradas ‘vias comerciais’: na extensa Rua Tancredo Neves é possível encontrar variedades de lojas de confecções, de celulares, assistências técnicas, odontológicas e farmácias. 

Bares, panificadoras, lanchonetes, sorveterias e até restaurantes também estão nessa lista de opções de alimentação e divertimento do bairro. 

Não é preciso ir longe se quer dar uma volta e conhecer um ‘point’ com a família, tanto que o bairro é estratégico por está entre outras áreas nobres e suburbanas da cidade de Santana.

Não existe dificuldade para se trafegar no bairro, que não apenas se localiza nas proximidades da Rodovia Duca Serra, como também é de fácil acesso para os condutores, apesar de haver algumas vias de mão única, que foram implantadas para agilizar o tráfego do trânsito nos sentidos norte e sul da cidade. 

Apenas um dos muitos pontos colocados no progresso urbanístico de um bairro que chega aos 40 anos de tanta história registrada. 

Ieda Ferreira 
(Acadêmica Arquitetura e Urbanismo, moradora do bairro desde 2005)

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