Pedras usadas na construção da Fortaleza de São José saíram da Ilha de Santana, diz estudo

Rochas da Ilha de Santana estão visíveis no forte
A construção da Fortaleza de São José de Macapá contou com rochas, exclusivamente, encontradas no Rio Pedreira e na Ilha de Santana. 

Essa conclusão faz parte de uma tese de doutorado apresentada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para colaborar com a conservação e manutenção do monumento. 

Conforme o estudo, desenvolvido pela professora de arquitetura Roseane Norat, a aplicação dessas rochas revela também que o construtor se apropriou das características e soube pôr, adequadamente, no monumento. Ela destaca que a pesquisa vem no sentido de compreender os materiais construtivos para a preservação. 

Fortaleza é um dos patrimônios tombados do país
Além da Fortaleza de São José, a tese de doutorado abrangeu fortificações de Belém, capital do Pará, e Costa Marques, município de Rondônia que faz fronteira com a Bolívia. Diferente do monumento amapaense, as duas outras receberam matérias-primas de locais ainda desconhecidos pelo estudo. 

“A pesquisa apontou que no caso das rochas, aliado com as questões históricas, referencia o Rio Pedreira como uma principal fonte de matéria-prima. São compatíveis com as que observamos no monumento. Nas outras fortificações, é perceptível a utilização de rochas de outras procedências, mas na Fortaleza de São José, realmente, todas são do contexto geológico local”, explicou. 

Foram usadas técnicas laboratoriais analíticas, raio-X e estudo de resistência para a constatação, para apresentação da tese nesta semana ao Iphan, em Macapá. 

Para a professora, qualquer novidade sobre o monumento tem caráter de nível nacional, já que é a maior fortificação do país e foi eleita uma das sete maravilhas brasileiras.

Roseane Norat apresentando resultado dos estudos
Atualmente no quadro efetivo da Universidade Federal do Pará (UFPA), Roseane Norat explica que decidiu usar a Fortaleza de São José, como objeto principal de estudo, porque chegou a ser gerente de projetos no monumento, entre os anos de 1998 e 2001, além da importância nas questões sociais e culturais para a sociedade. 

“A Fortaleza de São José é um dos monumentos mais importantes da história nacional. Então quando se descobre qualquer informação sobre isso, podemos tecer com relações que não são só apenas materiais e físicas, como também aspectos sociais e culturais”, explicou. 

Abraão Ribeiro, de 67 anos, vende água e refrigerante no entorno da fortificação há mais de uma década. Natural do Ceará, ele ressalta já se considera amapaense e usa o local de trabalho como também de lazer, nos dias de folga, mas apesar da paixão, pouco sabe da história. 

“A Fortaleza de São José de Macapá é um local muito bonito. Mas, eu não tinha a mínima ideia de onde vieram todas essas as pedras. Moro há 22 anos aqui, mas mesmo assim não sabia dizer. Turistas sempre passam por aqui e perguntam por essa informação”, falou o vendedor.

Informações postadas no G-1 Amapá

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