“Amor Avito”: O sentimento de se tornar avó antes dos 36 anos

Paula, de 35 anos, com o neto recém-nascido
Como será ser jovem e bonita aos 35 anos? E quando esta pergunta é feita por alguém que mantêm esse espírito de jovem e bela e vai ser avó aos 35 anos? 

Pergunta difícil, resposta ainda mais. O que é diferente? Pois a sensação se torna muitas vezes inexplicável quando se trata de cuidar de um ser humano gerado por outro que saiu a pouco tempo de você. 

Este chamado “Amor Avito” – ou também denominado de “Amor Avoengo” para o amor de avós com os netos – foi concebido para a professora santanense Paula Cristina, de 35 anos, na tarde da última segunda-feira (13/02) quando sua filha Danilly Silva, de 17 anos, trouxe ao mundo o pequeno Miguel. 

No semblante de uma mulher que já é mãe de um casal de filhos, Paula mudou drasticamente seu modo de ver o mundo quando percebeu que as transformações físicas começaram a acontecer na filha durante o período de gravidez. 

A professora acompanha a recuperação da filha
“Não fiquei feliz quando soube, pois esperava que ela terminasse seus estudos, trabalhasse, e depois sim, após se estabilizar, pensasse em filhos”, comentou Paula sobre a reação negativa que teve ao tomar conhecimento da gravidez da filha. “Mas depois de quando vi sua barriga crescer e percebi que não adiantava eu ser contra mas sim ajuda-la”. 

Essa mesma sensação de ver uma nova vida diante das experiências já alcançadas passou também aconteceu com a professora Célia Vilarins, de 39 anos, que se tornou avó pela 1ª vez aos 34 anos de idade. 

Célia é avó desde os 34 anos
“Uma surpresa inesperada”, disse Célia, que hoje tem ao todo três netos, e atualmente continua demonstrando uma essência jovial e maturidade adquirida com o tempo. “Me tornei bem mais presente e protetora dos novos ‘filhos’ que ganhei”. 

As possíveis diferenças
Para a psicologia, uma filha que ainda é muito jovem, e que adquire um papel antecipado de maternidade não planejada, em pouco tempo já está envolvida nas primeiras grandes mudanças na vida de uma mãe, como trocar fraldas, adormecer um bebé, vestir um bebé, mas que também aprende a conhecer seu choro e a educa-lo. 

É com essa visão que a maioria das pessoas que se tornam avós de maneira precoce acabam observando um novo campo que lhes recebe: um tipo de “instrutora maternal”. 

“Em alguns casos, esse é um grande desafio da avó concebida a partir dos 35 anos. Uma avó que é ainda uma mãe tão presente e tão responsável pela educação do filho ainda jovem, que ainda estuda, que ainda vive lá em casa. É um desafio que se impõe pela dificuldade que se pode sentir na distinção entre o papel de mãe e o papel de avó”, explicou a psicóloga infantil Rita Alves, que continuou: “Um bebé que é um neto e que não é um filho, mas que é filho de alguém que ainda está numa idade de formação da personalidade, de uma descoberta de identidades e de experiências e que tem ainda uma mãe que está lá para educar, para dizer que não pode, para dizer que é preciso pensar, que é errado e outras coisas a mais”. 

Célia tem hoje três netos (um casal e um menino)
Ainda segundo a psicóloga, as mudanças no cotidiano podem trazer soluções ou até divergências de experiências entre a filha (que acabou de se tornar mãe) e a mãe (que acabou de se tornar avó). 

“O desafio de saber que o filho tem 16 anos e que como tal, mesmo que bastante crescido, responsável, há situações que não foram ainda vivenciadas, há experiências que não foram ainda experimentadas e há ensinamentos que ainda não se adquiriu e competências que ainda não se tem. A avó de 35 anos é a mãe que ampara, que mais que nunca poderá ter que ajudar esse filho a crescer mais depressa, a saber aquilo que só viria mais tarde, a lembrar-lhe aquilo que ele naturalmente nunca pensou. É uma avó, que é mãe, mas mãe do filho de 16 anos, para o ajudar a ser pai, quando ainda só se é filho”, explicou a psicóloga. 

Apesar dos desafios de criar uma terceira vida recém-nascida se bater com opiniões que vão dos pais ou dos avós, o que acaba importando são os modos mais básicos a serem utilizados nessa caminhada, segundo descreve a psicóloga. 

“Mesmo com aqueles questionamentos que podem existir entre pais e avós, pra ver quem pode melhor criar o novo membro da casa, existem aqueles elementos sentimentos mais simples, que são o amor, a paciência, a ponderação e a tranquilidade, que são ensinamentos que ficam de avó para o filho, e do filho para o neto”.

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