Vítima de bala perdida no sábado (18/01), o menor Luan Oliveira Correa, de 12 anos, poderia ter sido mais um na
estatística de mortes violentas no Amapá. Ele foi atingido com um tiro
na nuca e passou mais de 60hs com o projétil alojado no corpo à espera de uma cirurgia no Hospital da Criança e do Adolescente (HCA), em Macapá. O menino foi submetido a procedimento cirúrgico na
quarta-feira (22) e sobreviveu sem sequelas. Nesta quinta-feira (23/01),
Luan voltou para casa, no município de Santana, a 17 quilômetros da
capital.
Em casa, ao lado dos irmãos e da avó, o menino conta que lembra de tudo
o que aconteceu. "Nasci de novo. Quando me atingiram só senti um choque
que parou todo o meu corpo, caí no chão e não tinha forças para me
mexer, mas vi o desespero do meu pai pedindo ajuda", descreveu Luan,
referindo-se ao pai Walter Correa, de 40 anos, que ficou o tempo todo
junto ao filho no hospital.
Na cama, onde vai passar a maior parte do tempo durante os próximos
dias, seguindo orientação médica, Luan segura na mão esquerda o terço
usado durante todo o período de internação. "Com certeza Deus fez alguma
coisa por mim, tinha o terço desde antes do tiro, e agora não vou
deixá-lo", disse. Para se divertir, o garoto ouve música em um aparelho
de som comprado pelo pai.
Luan agradeceu todos os cuidados recebidos pela equipe médica. Ele
contou que sentiu medo de ficar sem fazer as coisas que mais gosta como
jogar futebol, soltar pipa e ir para a escola, onde cursa a 6ª série do
ensino fundamental.
O pai da criança se emocionou ao revelar o medo que sentiu de perder o
filho, desde o momento em que viu Luan levar o tiro, até a longa espera
pela cirurgia. Mesmo com prazo definido pelos médicos em função do local
atingido pelo disparo, Walter diz que se preocupou com o estado do
filho imobilizado por quase todo o tempo de internação.
"Qualquer pai se desespera, ver meu filho lá sofrendo, não podendo
comer, nem fazer o que deseja. Nessas horas, os médicos foram meus
melhores amigos em dar a atenção necessária ao Luan, só tenho a
agradecer por deixarem ele viver sem nenhuma sequela", agredeceu Walter,
emocionado.
O processo de recuperação do garoto é de 30 dias. O procedimento foi realizado pelo neurocirurgião Paulo André Aragão.
Caso
A bala perdida, segundo a Polícia Militar, foi disparada por um jovem de 19 anos, que errou o alvo ao tentar atingir dois rivais a uma quadra de distância da criança que acompanhava o pai em um comércio em Santana.
A bala perdida, segundo a Polícia Militar, foi disparada por um jovem de 19 anos, que errou o alvo ao tentar atingir dois rivais a uma quadra de distância da criança que acompanhava o pai em um comércio em Santana.
"O homem que atirou já tem passagem pela polícia e ao atirar em um
desafeto dele, errou o tiro, atingindo o garoto, que não tinha nada a
ver com a situação", confirmou o sargento Herinaldo Nascimento, da
Polícia Militar.
O suspeito de ter efetuado o disparo fugiu do local, mas com a ajuda de
testemunhas, a Polícia Militar ainda conseguiu capturá-lo. Ele foi
preso e apresentado na Central de Flagrantes da 1ª Delegacia de Polícia
Civil de Santana.
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