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Vítor olha a foto do pai, morto em 2016 |
As primeiras horas da manhã daquele dia 26 de outubro de 2016 – uma quarta-feira – parecia mais um dia normal na vida de Diene Rodrigues e do marido Jefferson Luis Cunha, um policial militar que estava de férias, se dedicando completamente à família durante aquele período de licença.
Segundo a esposa, o PM havia se levantado da cama (como sempre fazia) e logo se direcionando aos cuidados paternos com seu filho caçula, com poucos meses de nascido.
“Ele segurou o filho no colo como costumava fazer, ainda fez o mingau pra ele e depois me passou antes de sair pra Macapá”, relembra Diene, viúva do PM.
Jefferson havia se comprometido de ir até a capital marcar uma consulta para a esposa, que estava sofrendo uma forte inflamação de nódulo na região da garganta. Sua preocupação com a família sempre esteve à frente de várias prioridades.
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Jefferson passeando com a família |
A triste notícia
Minutos após o marido deixar sua residência (ainda não era 7h da manhã), Diene conta que escutou o som de sirenes de ambulância circulando sua região domiciliar, mas sem desconfiar que algo ruim tivesse acontecido.
“Ainda vi a direção que seguiu essa ambulância, mas nada passava na minha cabeça, até que uma moça que presta serviços de diarista me ligou perguntando pelo Jefferson e falei que ele havia ido pra Macapá, ela achou bastante duvidoso e logo me disse que ele havia sofrido um acidente”, detalhou a esposa.
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O casal vivia um momento positivo |
Ainda relata que vários veículos (conduzido por conhecidos da família) começaram a passar próximo à sua residência, mas que pareciam não terem coragem de parar e explicar o que realmente – lamentavelmente – ocorrera.
“Como meu telefone estava cortado, começou a cair mensagens de parentes e amigos, me falando do fato, mas pra mim eu não conseguia acreditar, tudo parecia mentira”, diz, emocionada.
O fatídico envolvendo o PM Jefferson Cunha ocorrera no cruzamento da Rua Adálvaro Cavalcanti com a Avenida Rui Barbosa, quase em frente de uma escola de idiomas, onde um carro (marca saveiro) atingiu a motocicleta conduzida pelo PM, que acabou sendo arremessado há alguns metros sob o asfalto, vindo a morrer na hora.
A difícil caminhada familiar
Passado dois anos desse triste episódio que marcaria a vida pessoal e familiar de Diene Rodrigues (e de muitos que o conheciam), a dura fase seria agora prosseguir com os inúmeros planos que estavam traçados pelo casal, que até então já vinham conquistado diversas vitórias.
“O Jefferson não desistia do que queria, e sempre lutávamos juntos, estávamos vivemos um momento bom, onde ele estava muito ligado à família, havia se aproximado de Deus, e do nada acontece tudo isso”, detalha.
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Motocicleta conduzida pelo PM ficou destruída |
“Por mais que eu tentasse me esforçar, mas até hoje parece que ele não morreu, parece saiu por aquela porta e penso que pode voltar a qualquer momento”, enfatiza.
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Jefferson era bastante ligado às ações familiares |
“O Vítor olha para a TV e diz que o pai mora no céu, já a Sofia não comenta diretamente comigo o que sente, mas pelo que já soube, ela fala sobre a falta que dele”, diz Diene, que completa: “Eu acompanho o jeito deles, e sei que meus filhos sentem muita falta do pai”.
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PM era destacado e respeitado por amigos |
“Converso com ela e pergunto o que ela sente e muitas vezes não fala, mas vejo no seu comportamento aquela vontade de querer chorar e peço que chore, como uma maneira de tirar algum peso que sente dentro de si”, conta Diene.
Uma vida incompleta
Hoje com 36 anos, Diene passou a se dedicar exclusivamente ao casal de filhos que construiu com o PM, onde uma das maiores prioridades é o acompanhamento emocional daqueles que eram muito ligados a Jefferson Cunha.
“Hoje não me preocupo em querer encontrar alguém, me centralizo na educação dos meus filhos e esperar para que no futuro possamos conversar e assim escolher o momento exato de falar sobre essa ausência que o pai faz em nossas vidas”, condiz a esposa.
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Sofia e Vítor, filhos do PM Jefferson Cunha |
“Muita gente que presenciou aquele momento deixou claro que aquilo não foi um acidente, mas sim, um crime com testemunhas. Mas hoje prefiro deixar que Deus faça a justiça Dele conforme a sua vontade”, finaliza.
Sua participação no âmbito Polícia Militar lhe congratulou como patrono da Unidade de Policiamento Comunitário, instalada na Ilha de Santana, e reinaugurada em setembro de 2017, que contou com a presença de diversas autoridades civis e militares.
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