No Fórum de Santana, homens autores de violência doméstica participam de projeto reflexivo

O Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Santana iniciou o projeto “Transformando Trajetórias”, uma atividade que promove círculos de diálogos com homens autores de violência doméstica, cujas mulheres se encontram sob medida protetiva de urgência. 

A iniciativa é coordenada pela juíza titular do Juizado, Michelle Costa Farias, e a execução parte do Núcleo Psicossocial, composto pela assistente social Janice Divino e pela psicóloga Eliany Rodrigues, contando ainda com o apoio de toda a secretaria da unidade, dirigida pelo servidor Carlos Rangel Vilhena. 

De acordo com a assistente social Janice Divino, “o projeto trabalha a aproximação do homem, autor da violência contra a mulher, contribuindo para que ele entenda que seus atos reproduzem suas experiências e a forma com a qual foram constituídos como sujeitos”, esclareceu a servidora.

“A atividade figura como requisito no processo, independente de terem sido ou não representados criminalmente. O projeto também tem como prioridade refletir sobre o modo como veem a mulher na sociedade e como se relacionam com as mulheres importantes de suas vidas. Essa reflexão visa proporcionar que repensem sobre os sentimentos que envolvem seus relacionamentos amorosos”, destacou. 

A experiência é inédita no Amapá e esse projeto ocorre durante três meses, com dois encontros mensais durante o início da vigência das medidas protetivas. A intenção é trabalhar a reflexão com base na Justiça Restaurativa por meio dos círculos transformativos, cuja finalidade é respeitar o outro a partir de sua própria história. 

Os círculos buscam estabelecer um espaço seguro, acolhedor e participativo, onde são fomentadas discussões sobre gênero, álcool e outras drogas, questões sociais e financeiras, religiosas e de saúde, dentre outras. 

“Esperamos que o projeto contribua para que os homens atendidos neste Juizado possam ter a oportunidade de viver suas vidas de forma menos violenta, capazes da autorreflexão, para que entendam que não precisam ser meros reprodutores de uma lógica perversa que também os encarcera, violenta e limita”, afirmou a psicóloga Eliany Rodrigues. 

A juíza Michele Farias afirma que a ação visa diminuir a reincidência da violência doméstica, por meio das práticas restaurativas, especialmente os círculos de diálogos. 

“O projeto leva os homens a refletirem sobre si mesmos, sobre sua história, reconhecendo a violência praticada e recebida e, deste modo, alterarem suas escolhas, abandonando a violência e agindo com mais tolerância e equilíbrio nas relações íntimas e familiares”, ponderou a magistrada.

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