Familiares e amigos se despedem de Cunha Lopes: “Um herói que ajudou muitos”

Muita emoção marcou a despedida ao jornalista Cunha Lopes, na manhã deste domingo (12), em Santana. 

Pelo velório, que começou ainda pela madrugada, quando o corpo do comunicador chegou na sede da Câmara de Vereadores da cidade, inúmeras pessoas civis e públicas, passaram pelo local para se despedir do homem que muito contribuiu no assistencialismo através do jornalismo e pelas informações do cotidiano que sempre levou ao conhecimento do povo. 

Além de familiares, amigos de longa data, artistas de vários segmentos da cultura amapaense e até autoridades políticas (de âmbito estadual e federal) estiveram no plenário Vicente Marques para expressar seu pesar pela grande perda que a comunicação tucuju sofreu. 

Entre os parlamentares federais presentes, a deputada federal Professora Marcivânia Flexa consolou os familiares e os demais presentes, reconhecendo o importante papel deixado pelo jornalista junto ao município de Santana e ao Estado do Amapá. 

“Cunha não temia os comentários negativos e qualquer inimizade, era forte e determinado no que falava, e isso se tornou algo em sua vida como uma marca de luta”, destacou a parlamentar. 

O prefeito de Santana Bala Rocha – que conhecia Cunha Lopes há décadas – esteve no velório, onde lamentou a perda do comunicador que sempre dizia ser apaixonado pela segunda maior cidade do Amapá. 

“A sua ‘gata morena’(assim Cunha chamava Santana) amanheceu triste e órfã por um filho que ela acolheu com muito carinho e que muito ajudou diversas pessoas”, disse o prefeito. 

E exatamente essa bondade tomada pelo saudoso jornalista que centenas de pessoas puderam ser atendidas e ajudadas, tanto pela comunidade, como pelo poder público, assim disse um de seus amigos mais próximos, o apresentador de TV Tio Gigante. 

“Foi um herói pra muitos que precisavam de ajuda, estendeu a mão sem nunca esperar pelo retorno”, disse. 

Vereadores como Pastor Luizinho, Socorro Nogueira, Mário Brandão, Rato, Diana Castelo estiveram no velório para se despedir do comunicador, assim como seus inúmeros colegas de imprensa que o acompanharam ao longo de cerca de duas décadas que atuou no jornalismo tucuju. 

A compositora Elaine Araújo – um dos nomes mais conhecidos e respeitados do segmento da cultura no Amapá – recitou cânticos durante a cerimônia, lembrando as incalculáveis vezes que o jornalista sempre disponibilizou espaços em seus programas para os artistas locais divulgarem seus talentos. 


Após vários discursos de autoridades, familiares e amigos, o corpo do jornalista deixou a sede do legislativo municipal de Santana, seguindo para um processo de cremação que, segundo informou seus parentes, era a vontade do comunicador quando em vida. 

Trajetória 
Cunha foi pioneiro em programas policiais de telejornalismo em Santana. 

Apresentou o programa Cunha Lopes na TV que foi ao ar em horário nobre na extinta TV Santana e que fez sucesso no início dos anos 2000. 

Ao lado da jornalista Katia Carvalho, fez sucesso com o programa Giro 42 e que bateu picos de audiência em 1° lugar em Santana. 

O programa debatia a cidade, política e os problemas sociais num formato parecido com programa Roda Viva.

Era líder isolado de audiência nas manhãs de sábado na TV Santana Cunha Lopes também passou pela rádio 92.3 FM e durante os últimos 10 anos ficou na rádio Onda Livre 105.9 FM com o programa Cunha Lopes em Notícia de 7hs às 9hs. 

Combatente do bom jornalismo que abria os microfones para a comunidade e todas as vertentes políticas, foi tirado do ar do horário nobre por divergências políticas com a direção da emissora, após abrir espaço para o ex-prefeito Ofirney Sadala que era adversário dos donos da rádio. Saiu do horário nobre e passou para o horário da tarde, virando comentarista da área policial. 

Paraense, natural de Belém, chegou a cursar Medicina na UFPA durante os anos da ditadura militar quando teve contato com o movimento estudantil e o MDB que fazia oposição ao regime no país. 

Chegou a disputar uma eleição para vereador em Santana, mas não obteve sucesso na política, passando a priorizar o exercício do jornalismo e sua família. 

 Ao chegar no Amapá (ainda na década de 1980), foi Gerente de importação e exportação da ICOMI e CFA. 

Cunha Lopes era fá dos Beatles, falava inglês fluente chegando a trabalhar como tradutor em eventos internacionais no Amapá e também espanhol e um pouco de francês. 

Um dos seus sonhos era conhecer a terra de John Lennon e realizou sua vontade no momento de ápice de sua carreira. Estava morando com a filha Carla Lopes, que é professora em Santana.

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