Morre Carlos Lima

A cultura amapaense está de luto com a triste notícia do falecimento do artista Carlos Lima, ocorrido nesta quinta-feira (04) em Macapá. 

As primeiras informações chegaram ao blog através de amigos próximos de Carlos, que estiveram lhe acompanhando nos últimos dias, quando ele foi diagnosticado com novo coronavírus (Covid-19) e precisou ser levado com urgência para tratamento na capital.

Porém, mesmo diante de algumas melhoras que havia apresentando nas últimas 24 horas, o santanense faleceu na noite desta quinta-feira.

Um amapaense graduado e apaixonado pelo teatro 
Carlos Alberto Silva Lima era professor de Artes, dramaturgo, ator, diretor de teatro e administrador. Era graduado em Educação Artística pela Universidade Federal do Amapá (Unifap). Desde a década de 1980 que vinha se dedicando ao teatro no Amapá, tendo por base seu trabalho que havia iniciado na cidade de Santana, da qual era residente. 

Carlos amava poesias e se apresentar em público
Em função de sua dedicação à arte, foi convidado para dirigir por um período o Teatro das Bacabeiras em Macapá quando na ocasião desenvolveu vários projetos: “Cine ao Meio Dia” onde com entrada franca, pessoas do comércio aproveitavam sua hora do almoço para apreciarem numa das salas do teatro, os mais diversificados filmes; Projeto “Seis e Meia” que acontecia às quarta-feiras; “Projeto Escadaria 2007” que acontecia uma vez ao mês, com várias atividades culturais, mais precisamente no dia de lua cheia; e “Projeto Café da Manhã” que acontecia sempre às segundas feiras, onde além do café se discutia as futuras atividades e pautas do teatro. 

Nascido na cidade de Serra do Navio no dia 17 de janeiro de 1961 e foi lá que, ainda criança começou a participar na escola da mineradora ICOMI em dramatizações no âmbito da própria instituição. 

Também participava do “canto coral”. Seu 1º personagem foi uma mesa, como ele próprio descreveu certa vez: “Quando eu comecei a fazer teatro, fui uma mesa e jogavam só uma toalha em cima de mim e o ator ficava sentado na mesa. Eu não podia fazer nada, Aí! Eu ficava pensando: Poxa! É muita humilhação para um ator”. 

Um serrano que brilhou na história da nossa cultura
De Serra de Navio mudou-se para a cidade de Belém (PA) onde obteve experiências na área do teatro com o professor e diretor Cláudio Barradas. Na capital paraense fez curso de Teatro na Escola Técnica do Pará. O teatro era algo constante na vida de Carlos Lima. Este ator era tão apaixonado pelo teatro quando afirmou: “Eu brinco de teatro 24 horas por dia, vou para o restaurante com teatro porque sem arte não consigo viver”. 

Em 1980 retornou ao Estado do Amapá para fixar residência, instalando-se dessa vez na cidade de Santana onde deu continuidade ao trabalho no Teatro na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, na histórica Vila Maia, juntamente com João Porfírio (o conhecido “Popó”) entre outras atrizes como: Fátima Trindade, Roberto Prata e Sílvio Romero. Em Macapá conheceu a professora Nazaré Trindade que era atriz reconhecida no Amapá, com quem muito aprendeu sobre teatro. 

Além de se dedicar ao palco propriamente dito, Carlinhos como era conhecido pelos mais íntimos, quando ainda era aluno da Escola Augusto Antunes, resolveu enveredar pela linha dramatúrgica e foi nos bancos escolares que escreveu “A Raposa Espertalhona”, seu 1º texto teatral que tinha como personagem principal uma raposa. 

“Seu Portuga” 
A sua obra prima seria “Seu Portuga e a Língua Portuguesa” que foi criado em 1994, que é um espetáculo premiado e uma das montagens emblemáticas da arte cênica amapaense. O trabalho foi exibido em vários estados do Brasil e no exterior. 

Seu Portuga, seu personagem marcante
Em mais de duas décadas de existência, com o objetivo de incentivar o estudo da língua portuguesa, o grupo fez muitas apresentações em escolas públicas e particulares. O espetáculo era uma “aula” de português – repleta de humor e elegância. O texto, a produção e a direção sempre assinadas pelo próprio ator Carlos Lima (Seu Portuga). 

Ao lado das atrizes Sueli Matos e Josiane Ferreira, Carlos Lima interpretaria o personagem principal (“Seu Portuga”). Com um passeio pela história do nosso idioma, fala das classificações gramaticais e das reformas ortográficas. Vai da “fonética à sintaxe, através da personificação de elementos da gramática, como o gerúndio e o pronome pessoal”. Tudo isso numa representação teatral cheia de grandes surpresas artísticas e muito riso. 

Em 2015, Carlos atravessou uma fase complexa em sua vida, envolvendo problemas de saúde e pessoais, que vieram a comprometer até mesmo o seu lado profissional, ficando afastado de sua principal paixão: a arte cênica. 

O blog entrevistou o artista amapaense em julho de 2015, que na época viveu a fase mais positiva e se tornando uma das maiores referências artísticas do Estado para o Brasil.

Comentários

  1. Poxa vida que triste perdemos uma pessoas incrível, sempre muito alegre e divertido!
    Lendo sua biografia as únicas imagem que me vem e ele cantando seus instrumento quando não eram um par de castanhas era um triângulo ou um pandeiro impossível era olha e ver o quanto ele era feliz com o que fazia!
    E em qualquer lugar que eu o avisasse lá estava ele sempre alegre,e sorridente.

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  2. A arte amapaense perde um de seus principais artistas, porém seu legado viverá para sempre!
    Deus o receba em Sua glória!

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  3. A Cultura Amapaense está de luto!
    Perdemos nosso ícone nas artes cênicas!
    Além de um ser humano incrível que contagia todos que conviviam com essa pessoa maravilhosa.
    Vá com Deus com amigo, voltou pra casa do Pai.

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  4. Não posso acreditar. Ele foi o meu professor de arte na escola Everaldo Vasconcelos. Vai deixar saudades. Que Deus conforte os corações de seus familiares.

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