No Judiciário, práticas restaurativas aprimoram o ambiente de trabalho e aumentam a produtividade

O Juizado Especial Cível e Criminal do Fórum de Santana, em parceria com o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) daquela comarca, promove uma série de práticas restaurativas por meio do Projeto Conexão, em execução desde fevereiro de 2018. 

Após readequação da força de trabalho, com a implementação da Resolução 219 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a titular do juizado, juíza Carline Regina de Negreiros Cabral Nunes e a supervisora do Cejusc, assistente social Neide Santos, passaram a realizar círculos de diálogo com a equipe. 

Segundo a juíza Carline, “no início do ano a equipe começou a realizar estes círculos de diálogo, que são uma das ferramentas da Justiça Restaurativa, entre os servidores, para estimular o conhecimento mútuo e a própria conexão deles entre si”. 

A magistrada afirma que o clima organizacional como um todo e até o senso de pertencimento tem se aprimorado desde então. 

“Um dos primeiros resultados foi elaborarmos e votarmos a missão e a visão (como queremos ser vistos) do nosso Juizado, além dos valores que devem permear nosso trabalho, que fixamos aqui para todos verem e recordarem que foi uma construção de todo o grupo”, relatou a magistrada. 

Além destes adesivos, outro resultado foi a humanização da sala de conciliação. “Agora batizada de Ninho da Conciliação, o espaço teve batizadas também cada baia de atendimento com um pássaro que simboliza um sentimento, além de em breve termos a inclusão de equipamentos de som ambiente”, explicou a juíza Carline, acrescentando já ter percebido mudança também no público. 

O efeito tem sido tão positivo, não só no clima organizacional como também na produtividade, com a manutenção de baixa taxa de congestionamento, além de atos de juiz e de secretaria sempre em dia, que o Projeto Conexão deverá ser expandido. 

“Outras varas aqui da comarca de Santana manifestaram interesse em agir da mesma forma, desde os círculos de diálogo à humanização de espaços”. 

Segundo a chefe de secretaria do Juizado, servidora Conceição Almeida, “com os círculos de diálogo passamos a nos conhecer melhor e trabalhar em equipe”. 

Hoje todos colaboram, inclusive, para manter o ambiente alegre e decorado para festas como o Natal, por exemplo. 

Segundo Neide Santos, a escolha do círculo de diálogo é apenas uma das diversas opções das práticas restaurativas. 

“É algo tão produtivo que a humanização do ambiente, resultado dessa dinâmica, é algo novo, mas que já estamos estudando aplicar também aqui no Cejusc”, explicou Neide.

“Pensamos em batizar as baias com sentimentos, como amor, carinho, paz, mas também pensamos em aplicar conceitos extraídos dos valores da própria Justiça Restaurativa como respeito, honestidade e humildade”, revelou a servidora, acrescentando que os valores expressos, “além de tematizar cada espaço, mantêm uma explicação ou desenvolvimento daquela ideia”. 

“Algumas juízas de Santana já expressaram interesse de realizar parcerias com o Cejusc trabalhando este mesmo formato de círculo em 2019”, registrou a assistente social, acrescentando que “setores do TJAP, por meio do Núcleo Permanente de Métodos de Solução Consensual de Conflitos (Nupemec), estão trocando ideias com a equipe de Santana, sempre na busca de promover dentro do ambiente de trabalho o bem estar, a comunicação e o respeito”.

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