Ministério das Relações Exteriores pede que Bolívia apresse investigações sobre morte de brasileiro linchado

Vinnicius foi linchado e enforcado em praça pública
O Ministério das Relações Exteriores informou, em nota divulgada nesta sexta-feira (23), que pediu à Embaixada Brasileira em La Paz, capital da Bolívia, que atue junto às autoridades bolivianas para apressar as investigações sobre a morte do brasileiro Vinícius Chagas Maciel, de 32 anos. 

Ele, aparentemente, foi morto ao ser confundido com um assaltante, na segunda-feira (19). O brasileiro foi linchado pela população do povoado San Júlian, da cidade de Santa Cruz de La Sierra, a quase 900 quilômetros de La Paz. Após as agressões, Vinícius foi exibido enforcado na árvore da principal praça da região. 

“[O Consulado-Geral em Santa Cruz de la Sierra] foi instruído a auxiliar nos procedimentos documentais e logísticos pertinentes e acompanhar o início das diligências policiais. A Embaixada em La Paz foi instruída a manifestar às autoridades bolivianas repúdio ao crime que vitimou o cidadão brasileiro, instando-as a procederem às investigações necessárias com toda a celeridade e rigor”, cita trecho da nota. 

Jornais bolivianos repercutiram o caso informando que o brasileiro foi enforcado por uma multidão que o alcançou depois que um casal denunciou ter sido cobrado por uma suposta dívida por dois homens armados. Um outro brasileiro conseguiu fugir do lugar em uma caminhonete. 

Ainda segundo a imprensa local, a polícia tem dificuldade de entrar na cidade de San Julián para realizar as investigações. 

Família pede ajuda para translado do corpo 
Vinícius deixou o Amapá há cerca de sete meses, em busca de trabalho na Bolívia. Lá, segundo a família, ele estava se planejando para estudar medicina. 

A família contesta a versão do assalto. Irmãos e a mãe dele moram no município de Santana, onde ele nasceu. A cidade fica a cerca de 17 quilômetros de Macapá. 

“Meu irmão saiu daqui de Santana para ir trabalhar na Bolívia em uma oficina de carros e, pelo que soubemos de conhecidos de lá, ele foi fazer a cobrança de um casal e a mulher saiu gritando que estava sendo assaltada, aí a população o pegou e fez isso. Disseram para a gente que lá é comum linchamento”, conta Vitória Maciel, irmã da vítima. 

Ainda segundo a irmã, a família ficou sabendo da morte de Vinícius pelas redes sociais e todos estão em choque, incluindo a mãe do Brasileiro, que está sob efeito de remédios. 

Sem condições financeiras para arcar com o traslado do corpo, a família pede ajuda. A irmã diz que são necessários R$ 15 mil para trazê-lo de Santa Cruz até o Amapá. 

Ainda segundo a irmã, horas antes do assassinato, Vinícius Maciel enviou mensagens para o WhatsApp da mãe, falando de saudade. Ele também enviou uma foto tirada na praça onde, mais tarde, foi morto. Vinícius foi casado no Brasil, mas estava em processo de separação. Ele deixa uma filha de 6 anos, três irmãos e a mãe. 

Na Bolívia, os casos de linchamento são comuns, segundo a imprensa internacional. Os moradores alegam que atuam em nome da “justiça comunitária”, reconhecida na Constituição aprovada em 2009 no país. O governo, entretanto, explica que o sistema não permite castigos brutais e nem a pena de morte. 

Para garantir os trâmites da vinda do corpo de Vinícius para o Amapá, a família pediu uma certidão de “Nada Consta” no nome dele, onde não foi identificada qualquer passagem criminal.

Informações postadas no G-1 Amapá

Comentários