“Já tive que fazer enterro às 2h da madrugada”, diz coveiro mais antigo do cemitério de Santana

Seu Modesto atua como coveiro há mais de 30 anos
Se for ao Cemitério Municipal de Santana e procurar pelo Seu Modesto, com certeza encontrará um ‘arquivo humano de dados fúnebres’. 

O coveiro contou em entrevista ao blog como é a rotina do local, a movimentação do Dia de Finados e como ao longo de tantos anos de trabalho aprendeu a lidar e a entender melhor sobre as questões da vida e da morte. 

Com muita simpatia, atenção e muito profissionalismo, Seu Modesto é o funcionário mais antigo do cemitério santanense e é ele que entende e sabe de tudo sobre o local mortuário. Documentação, organização, limpeza, horários, sepultamentos, tudo passa por sua responsabilidade, na qual já esteve à frente como administrador temporário do lugar.

Limpando as ruas foi parar no cemitério 
Lotado naquele local desde setembro de 1988, o servidor Deusuito de Oliveira Modesto – mais conhecido popularmente como Seu Modesto – testemunhou inúmeros fatos ocorridos nas últimas três décadas que acabaram sendo levadas à morada final do ser humano, ou seja, o cemitério. 

Espaço reservado aos serviços do Seu Modesto
Hoje com 53 anos de idade, Modesto começou prestando serviços na área de limpeza pública, onde exercia a retirada de entulhos e lixos urbanos. 

“Fiquei somente 11 dias trabalhando na rua, quando me enviaram para ajudar aqui no cemitério. Nesse tempo havia somente dois funcionários aqui e o número de sepultados acho que não chegava a 800”, relembra. 

No início, até os sepultamentos chegavam a ser tão limitados que passavam de duas semanas para ser registrado algum enterro. 

“Era difícil até de abrir uma cova, mas depois fomos nos acostumando com esse tipo de serviço”, detalha.

Histórias inusitadas 
Abrir e fechar covas, retirar restos mortais, limpar túmulos são algumas das funções do Seu Modesto. Ele ressalta que nunca teve medo de trabalhar no cemitério, nunca teve medo da morte, e nem sequer viu ou teme almas penadas. Mas conta que fez alguns enterros e sepultamentos que chegaram a ser bastante inusitados. 

“Já tive que enterrar pessoas tarde da noite e até de 2h da madrugada, devido o corpo do defunto está preste a ‘estourar’ e não havia muito tempo pra esperar”, conta. 

Quando perguntado se algum tipo de enterro lhe deixa apreensivo ou comovido, não mede esforço em responder: 

“Dói em qualquer pessoa enterrar crianças recém-nascidas ou os pais dela, quando vemos aquela criança ficando órfão, nos parte o coração”, diz. 

Para o coveiro, não existe local mais seguro de se ficar do seu espaço de trabalho. 

“Prefiro está dez vez aqui dentro do que uma vez lá fora, por que aqui ninguém mexe contigo, mas lá fora, você corre o risco de ser assassinado, de ser atropelado e coisas piores”, relatou.

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