Testemunha relembra tremor de 1993 no porto de Santana: “Foi tudo de repente”

Tremor sérios causou danos físicos no porto
Nem mesmo a Companhia de Sinalização Náutica em Santana soube explicar ao certo sobre aquela estranha onda d’água que varreria grande parte do porto de Santana naquela calma tarde do dia 20 de outubro de 1993 (numa quarta-feira), arrastando lanchas e catraias, e ainda chegando a arrebentar a lança de carregamento de navios, com cerca de 200 toneladas, do cais da mineradora ICOMI. 

Bem menos a mineradora também saberia explicar a origem do fenômeno. Haviam dois navios estrangeiros que estavam carregando minérios, mas acabaram sendo afastados do porto por medida de segurança, o que também motivou a empresa a paralisar suas atividades de carregamento por vários dias. 

Ruptura no solo causado por tremor
“Era um dia simples e sem qualquer anormalidade”, conta o radialista e comunicador Cunha Lopes, hoje com 64 anos. 

 Na época do ocorrido, Cunha exercia a função de chefe do Departamento de Exportação da ICOMI, principal setor que respondia pelo contato e venda do minério de manganês que era exportado do Amapá para o mundo. 

“Estávamos fechando o embarque de pouco mais de 17 mil toneladas de manganês que iriam para a Venezuela e o processo de carregamento seguia de modo normal”, relembra o radialista, que ainda disse terem sido surpreendidos com um tremor de proporções leves e subsequentes. 

Jornais chegaram a citar onda d'água como motivo
“Foi tudo de repente, quando começamos a perceber que algo de estranho acontecia, sentíamos um tremor e as luzes piscando seguidamente. Em vários setores e salas era uma correria para tentar entender que estava ocorrendo, então saiamos do prédio para vermos alguma coisa”, detalha. 

Naquele momento, já era possível ver rachaduras em algumas paredes de prédios administrativos da ICOMI e que parte da estrutura do cais de embarque mineral já havia tombado. 

“Todo mundo se perguntava sobre aquilo, mas ninguém sabia dizer de imediato, a própria diretoria da ICOMI precisou contratar uma empresa para efetuar um estudo detalhado, mas nunca se soube de fato o que teria causado aquilo”, disse Cunha. 

A referida empresa citada por Cunha Lopes veio de Minas Gerais (Planave – Estudos e Projetos de Engenharia S/A), a pedidos da mineradora ICOMI, que durante 20 longos dias estiveram conhecendo o local do desabamento portuário, onde emitiriam um relatório à ICOMI contendo pouco mais 90 páginas. 

Cunha Lopes testemunhou o sinistro
Segundo Cunha, vários motivos chegaram a ser citados por moradores de Santana e até de funcionários da mineradora, que vieram até a desconfiar de uma ação mitológica do folclore amazônico. 

“Muitos funcionários diziam que tinha sido uma ação da famosa ‘cobra Sofia’ que tinha se mexido debaixo dágua, aquelas coisas que o povo costuma narrar como lendas”, disse Cunha, de modo humorado. 

Após este marcante tremor, outro fato sinistro ocorreria no mesmo local quase duas décadas depois – em março de 2013 – resultando na morte de quatro operários e no desaparecimento de outras duas pessoas. 

Para Cunha, o tremor daquele ano de 1993 deixou muitas perguntas sem respostas, já que somente a alta cúpula da diretoria da ICOMI é que pode acompanhar e saber maiores detalhes do que pode oficialmente ter causado o desabamento de dezenas de toneladas de estruturas metálicas do porto da mineradora. 

“Houve muitas especulações, mas éramos limitados a saber aquilo que somente os técnicos contratados podiam buscar respostas, se bem que até hoje nunca tomamos a certeza do que causou aquele desabamento”, finaliza.

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