Barco ‘Reis I’: A tragédia fluvial que marcou o Círio de Nazaré de 2013

Foto do barco, momentos antes do naufrágio
Há cinco anos, no dia 12 de Outubro de 2013, cerca de sessenta embarcações acompanhavam o Círio Fluvial de Nossa Senhora de Nazaré em Macapá. 

Dentre essas, estava o barco Comandante Reis I, com sessenta e quatro pessoas a bordo. A embarcação era da cidade de Santana – segunda maior do Amapá – e havia sido alugada para o Sindicato dos Servidores Públicos do Amapá (Sindsep). 

Após o círio fluvial, já no retorno ao porto santanense, por volta de 10h30min, o barco tombou supostamente por ter batido em um banco de areia. A versão de colisão com o banco foi sustentada por sobreviventes devido ao choque sentido momentos antes. 

Dezoito pessoas morreram. Os corpos levaram três dias para serem encontrados. O Corpo de Bombeiros encerrou as buscas no dia 15 de outubro daquele ano, depois de resgatar os dois últimos corpos que ficaram presos dentro da embarcação. 

Por dias, as duas maiores cidades amapaenses pararam para acompanhar o resgate. A todo momento barcos chegavam com vítimas fatais e sobreviventes do naufrágio. Apesar do tempo, o desespero dos familiares das vítimas que morreram, ainda é lembrado por muitos amapaenses. 

Na época, o governo do Amapá decretou luto de três dias, chorando pelas dezenas de pessoas que perderam a vida, na tragédia que abalou dezenas de famílias. 

Inquéritos abertos 
Três inquéritos chegaram a ser abertos para investigar as causas e os responsáveis pela tragédia que vitimou 18 pessoas. Os procedimentos foram instaurados pela Capitania dos Portos, Polícia Civil e Ministério Público Federal do Amapá. 

O primeiro inquérito foi o administrativo, pela Capitania dos Portos, que informou que a investigação estava na etapa de coleta de depoimentos das testemunhas do Reis I. O inquérito civil do naufrágio foi instaurado pelo MPF/AP no dia 08 de Novembro do mesmo ano, após a instituição receber informações requisitadas à Capitania dos Portos. 

O Ministério Público ainda pediu ao contratante da embarcação, o Sindicato dos Servidores Públicos Federal do Amapá (Sindsep), os nomes dos responsáveis pelo aluguel do barco, a finalidade da contratação e a relação dos nomes dos passageiros no momento em que a embarcação saiu do porto de Santana. 

Em todos os inquéritos, as investigações seguiram sob cautela, com prazo para a conclusão das investigações em até 90 dias. 

Conclusão do inquérito 
A Polícia Civil do Amapá concluiu em 14 de agosto de 2014 o inquérito que investigava as causas do naufrágio da embarcação. A superlotação do barco seria confirmada nas investigações como a principal causa da tragédia. O inquérito seria assim encaminhado ao Ministério Publico (MP) do Amapá. 

Durante 10 meses foram ouvidos mais de 40 fiéis que sobreviveram ao naufrágio. Foram analisados também os laudos periciais realizados pela Capitania dos Portos e pelo Corpo de Bombeiros. 

A investigação apontou que no momento da tragédia havia 64 fiéis dentro do barco, mas a capacidade era de 43 passageiros. O número de coletes salva-vidas também era menor que a quantidade de pessoas. Havia apenas 50 deles na embarcação. 

Segundo a titular da época da 9ª Delegacia de Polícia Civil, Josélia Barbosa, o dono da embarcação Reginaldo Reis Nobre, que morreu no naufrágio, era o responsável pela tragédia. Ele teria deixado o leme sozinho, enquanto desceu ao porão para ligar um gerador de energia no momento que o barco afundou.

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