TJAP e MP-AP ministram curso de Práticas Restaurativas em Escola Agrícola

O projeto Escola Restaurativa, resultado de parceria entre o Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP) e o Ministério Público do Estado (MP-AP), ministrou o Curso de Práticas Restaurativas para as equipes técnicas do Abrigo/Escola Agrícola São João Batista Piamarta, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e Casa da Hospitalidade. 

Ambientado na própria Escola Agrícola o curso de 40 horas/aula teve como facilitadoras a assistente social Lucineide Santos (servidora do TJAP) e a pedagoga Lidiane Almeida, servidora do MP-AP. 

Representando a Justiça do Amapá na abertura e encerramento do curso, a juíza Larissa Noronha, que também coordena o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania do Fórum de Santana, registrou a importância de difundir e aplicar em todos os campos da vida as técnicas ali aprendidas. 

“Os círculos compreendidos pelas técnicas ensinadas no curso promovem um novo paradigma nas relações, com viés pela escuta ativa, pacificação dos conflitos, estimulando relacionamentos mais saudáveis em todas as esferas da vida”, explicou. 

“Este curso surgiu por demanda da própria escola – que tanto funciona como escola estadual quanto como instituição de acolhimento -, a partir de casos de indisciplina de crianças e adolescentes e dificuldades familiares”, esclareceu a juíza, acrescentando que “entre os participantes estão profissionais que atuam junto aos jovens, como assistentes sociais, pedagogos e pais sociais”. 

Sobre os relatos dos participantes frente ao conteúdo, a juíza revelou que sempre surgem surpresas nesses cursos. 

“Os profissionais narram situações que descobrem ser possíveis de tratar com as técnicas, e alguns se emocionam ao perceber que podem aplicar também em conflitos pessoais, em suas próprias famílias, mudando seu olhar sobre os relacionamentos no núcleo familiar e no trabalho”, complementou. 

A pedagoga Lidiane Almeida, facilitadora da Escola Restaurativa desde 2015, garante sentir grande prazer na realização desta missão de vida, que é disseminar a cultura da paz.

“Esse público – os educadores e os jovens em situação vulnerável que aqui moram – é um terreno fértil, pois abre uma possibilidade de repensar paradigmas e multiplicar práticas restaurativas”, explicou, observando que “normalmente, antes de conhecer as ferramentas, seguem um modelo punitivo ao lidarem com os conflitos”. 

Tendo percorrido pelo menos 17 instituições ao longo de três anos, Lidiane revela que as práticas restaurativas podem ser aplicadas em praticamente todo meio social, em qualquer situação de interação entre pessoas ou grupos. 

“O diferencial nesta edição do curso é que estamos tocando os pais sociais, que cuidam das crianças acolhidas com responsabilidades semelhantes as de pais de fato, liderando pelo exemplo, ensinando disciplina e educando os acolhidos”, complementou. 

A psicóloga Juliane Azevedo Carvalho, que há um ano trabalha na Casa da Hospitalidade, participou do curso e garante que lhe abriu um grande leque de formas de intervenção, que podem contribuir bastante para suas atividades. 

“Não só com as crianças quanto com os colegas e outros públicos, esse curso nos passou técnicas muito úteis para praticamente toda atividade”, assegurou. 

“Aprendemos que não podemos restaurar alguém sem restaurarmos a nós mesmos. A nos tornamos pessoas restaurativas a todo momento, podendo sempre sugerir uma técnica para resolver ou prevenir um conflito”, detalhou. 

Ela acrescentou que “quando uma pessoa se modifica, todas as relações com pessoas ao seu redor também se modificam, podendo expandir esse círculo a vários contextos”. 

A assistente social Edinalva Silva já viveu muitas situações ao longo de dois anos lotada na Escola Agrícola São João Batista Piamarta, e acredita que o curso veio em boa hora. 

“A cada dia vivemos uma história diferente, sempre permeada pela dor que esses meninos e meninas sentem por estarem afastados dos pais por um motivo ou outro. A experiência e o aprendizado proporcionados pelo curso possibilitam aos profissionais um novo modo de trabalhar, um verdadeiro recomeço por meio desse novo paradigma restaurativo nas relações sociais”, revelou.

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