Realizado o 2º encontro do projeto “Comunidade em Círculo” na área do Ambrósio

O Núcleo de Mediação, Conciliação e Práticas Restaurativas do Ministério Público do Amapá e o Tribunal de Justiça do Estado (TJAP) promoveram na última quarta-feira (04), o 2º encontro do projeto “Comunidade em Círculo”, realizado na Escola Municipal Nossa Senhora dos Navegantes, localizada no bairro do Ambrósio, na área portuária de Santana. A ação faz parte da estratégia de implementação do modelo de Justiça Restaurativa na cidade. 

O objetivo do projeto é desenvolver na comunidade o senso de pertencimento, o empoderamento, a união para que a comunidade vislumbre possibilidades de transformação pela Justiça Restaurativa. 

A coordenadora do Núcleo de Mediação, Conciliação e Práticas Restaurativas de Santana, promotora de Justiça Silvia Canela, iniciou o encontro explicando para a comunidade como funciona essa metodologia. 

“Justiça Restaurativa é uma nova forma de ver o mundo e de se relacionar com as pessoas e construir relacionamentos saudáveis. Esse novo paradigma é muito importante porque estamos vivendo um momento difícil, onde a violência tem tomado conta de nós e parece que não há perspectiva de mudança”, ponderou. 

“A Justiça Restaurativa nos ensina a lidar com o conflito de forma mais humana e nos traz paz e felicidade. Quem não quer viver bem, feliz e em paz? Acredito que todos querem, mas, às vezes, não conhecemos formas, meios e métodos de buscar essa paz. No Brasil há mais de dez anos que chegou essa nova metodologia, que para mim é uma filosofia de vida. As pessoas que já conheceram a Justiça Restaurativa e vivenciaram um círculo de diálogo sabem o quanto ela toca a nossa alma e nos reumaniza”, acrescentou Silvia Canela. 

A coordenadora também destacou o trabalho voluntário dos mediadores que atuam no Núcleo e agradeceu a oportunidade de desenvolver o trabalho na região. 

“Será um grande desafio, mas juntos podemos. A partir de agora serão realizados encontros mensais. Assim teremos a oportunidade de nos conhecer melhor. Com união podemos desenvolver uma comunidade mais forte”. 

Círculo de Diálogo 
Após a abertura, os pais foram divididos em 11 grupos, os chamados “Círculos de Diálogos”, que possibilitam uma conversa franca e equilibrada entre os participantes, conduzida por um mediador capacitado pelo Núcleo, de modo que todos possam conhecer melhor os anseios e necessidades do próximo. 

“Nesse primeiro momento estamos abordando o tema pertencimento. Ao final faremos um diagnóstico para sabermos o que vamos abordar no próximo círculo. Queremos uma comunidade empoderada, que não cruze os braços à espera do Poder Público, mas que saiba lutar por seus direitos”, reforçou a juíza Carline Negreiros, titular do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Santana. 

Para a diretora da escola, Selma Góes, o projeto deve estimular ainda mais a participação dos pais, bem como impulsionar o surgimento de uma nova forma de convivência social, mais harmônica, pacífica e colaborativa. “Quero agradecer de coração a presença de todos vocês. Precisamos desse tipo de iniciativa, que nos leve a refletir sobre os nossos problemas, mas na perspectiva de que juntos podemos transformar a realidade”.

Participaram ainda o titular da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, promotor de Justiça Adilson Garcia, que apresentou a planta de um projeto de urbanismo e revitalização da área proposto pela Promotoria, cujos detalhes serão repassados no próximo sábado durante reunião com a comunidade, e a coordenadora do Fórum, juíza Eliana Pingarilho.

Experiência e intercâmbio 
Os projetos e ações de Justiça Restaurativa implementadas chamaram a atenção da Facilitadora Internacional Chaska Combeaux, da Guiana Francesa, que veio ao Amapá para conhecer de perto o trabalho realizado pelo MP-AP no segundo maior município do Estado. 

Chaska cumpriu extensa agenda no Estado, com visitas ao Núcleo e acompanhamento das atividades voltadas para as escolas e a comunidade santanense. 

Foram três dias de programação, com ações realizadas nas Escolas Estadual Rodoval Borges e Padre Simão Corridori, além do círculo de diálogo com professores e equipe técnica da Escola Municipal de Educação Básica Piauí, sobre as experiências em sala de aula com as práticas Restaurativas. 

“Achei muito interessante cada relato e essa forma de buscar o fortalecimento das relações entre as pessoas. Considero também importante manter a regularidade desses encontros. As pessoas manifestaram esse desejo. Estamos iniciando um projeto na Guiana Francesa, mas de forma muito embrionária e levarei na bagagem um belíssimo exemplo do que está sendo feito aqui. Agradeço essa oportunidade de aprender com todos para que eu possa desenvolver no nosso país”, manifestou. 

 Após participar de todas as atividades, a educadora social na Guiana Francesa reuniu, na quinta-feira (5), com o procurador-geral de Justiça, Márcio Alves, acompanhado da promotora Silvia Canela, oportunidade em que puderaram compartilhar as experiências vivenciadas.

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