Professores de escola em Santana protestam por segurança e suspendem aulas após assalto

Professores e alunos protestam por segurança
Professores, pais e alunos da Escola Estadual Fortaleza, em Santana, decidiram fazer um protesto na sexta-feira (06) para pedir providências do poder público quanto a segurança da instituição, após invasão de homens armados com facas e revólveres. As aulas estão suspensas desde o dia 26 de março, quando houve o arrastão. 

A manifestação ocorreu dentro da própria escola. Com cartazes nas mãos, eles pediram ajuda e avisaram que só retornam aos serviços após conseguirem falar com os gestores da Secretaria de Estado da Educação (Seed). Sobre o caso, o órgão informou que vai mandar aumentar a altura do muro e solicitar o apoio da Polícia Militar. 

Cinco homens pularam o muro de trás da escola e, armados, fizeram um arrastão em uma das salas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). 

Aluna viveu momentos de terror com a filha
A professora que estava ministrando a aula preferiu não ser identificada, mas contou que os bandidos agiram com violência. Eles apontaram a arma para a cabeça dela, deram coronhadas e fizeram a filha de uma aluna refém, uma criança de 1 ano e 4 meses. 

“Senti quando ele bateu na minha cabeça com a arma. Gritaram que era assalto e correram para roubar tudo dos alunos e o que eu tinha. Outro homem do lado de fora ameaçava atirar. Mas me desesperei quando a mãe da criança gritou pedindo para não machucarem a filha dela. Fiquei estática. Estou muito traumatizada e não tenho condições de voltar para a escola. Não consigo mais nem dirigir”, contou a professora. 

A educadora, que tem 40 anos e há 10 trabalha na instituição, diz que após o ocorrido foi feito o boletim de ocorrência, a PM e a Polícia Civil estiveram na escola, mas o policiamento escolar, segundo ela, não apareceu, embora tenha sido chamado. 

A criança que foi feita refém é filha da aluna Suzana Barbosa, de 18 anos. Ela leva a menina para o colégio porque não tem com quem a deixar e precisa concluir os estudos. Suzana relatou o momento de pânico pelo qual passou. 

“Colocaram a faca no pescoço dela e o revólver na minha cabeça. Eu gritei pedindo que eles levassem o meu celular e soltassem minha filha, mas só a soltaram quando terminaram de levar tudo”, contou, descrevendo, em seguida, os momentos de terror. 

“Foi horrível. Minha filha correndo risco de vida e eu sem poder fazer nada. Não consigo mais voltar para a escola. Desde aquele dia a minha filha parece que ficou assustada com tudo, porque eles gritavam muito. Minha mãe não tem condição de ficar com ela, por isso a trago, mas precisamos de segurança”, ressaltou. 

Protestar e paralisar os trabalhos foi a forma encontrada pelos professores, pais e alunos para chamar a atenção do estado, diz o professor José do Carmo, que atua na Escola Fortaleza desde a inauguração, há 16 anos. 

Pais e alunos protestam por segurança
“Será que vai precisar morrer alguém dentro da escola para tomarem providências? Outros roubos já aconteceram aqui, pelo menos mais cinco, mas nunca com essa violência. Reunimos com a comunidade e todos concordaram em suspender as aulas. Queremos que o modelo de segurança mude para vigilância física”, apelou o professor. 

A secretária-adjunta de Apoio à Gestão da Seed informou que o contrato de segurança física foi extinguido no estado, mas garantiu que providências estão sendo tomadas, inclusive com o conhecimento da comunidade escolar. 

“Reunimos com a gestão da escola e com a comunidade, apresentamos uma primeira alternativa para aumentar a altura do muro do fundo. No prazo máximo de 15 dias já podemos ter gente trabalhando no local. Mas não há possibilidade, hoje, de retornarmos com a vigilância física, até porque a Seed não tem mais contrato para esse serviço”, explicou. 

O professor José do Carmo disse que foi solicitado uma reunião com a secretaria, mas não houve resposta. Por essa razão, a partir das 8h de segunda-feira (09), ele afirmou que a manifestação vai acontecer na secretaria, com os quase 90 professores da escola, demais funcionários, pais e alunos.

Informações do G-1 Amapá

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