SUPERAÇÃO | A paratleta santanense Yndiraima Alessandra Cunha vence na vida e no atletismo

A paratleta tem se mostrado uma prova de vida
Quando saiu de sua cidade natal, Manaus, Yndiraima Cunha, aos 8 anos de idade, não imaginava que seria protagonista de algo que lhe traria o prazer de superar suas dificuldades físicas e ser reconhecida em sua cidade adotiva Santana e no Estado do Amapá. 

Com referência a ser santanense a tornou uma gentílica adotada, além de ser residente na Casa de Hospitalidade onde foi abrigada após sucessivos sofrimentos familiar, esta foi mais uma das superações dessa guerreira mulher, pois com todos esses obstáculos na sua vida, transmite alegria e amor para todos os que dela se aproximam, é uma pessoa feliz.

Yndiraima é uma paratleta santanense, nascida manauara e adotada pelo município de Santana. Nasceu em 18 de novembro de 1996, 21 anos, filha Luiz Alberto da Silva Cunha (falecido) e de Alessandra dos Santos, tem seis irmãos. 

Família foi sempre um dos maiores problemas na vida dessa jovem atleta, pois até aos oito anos de idade residiu em Manaus com seu pai, após seu falecimento Yndiraima veio residir com sua mãe biológica em Macapá (AP) a nova convivência não foi nada fácil. 

“Foi uma vida muito complicado meu relacionamento com minha mãe. Devido aos mal tratos sofridos fui internada por três vezes em abrigos. Mas sempre era devolvida para o convívio familiar”, conta. 

Aos 12 anos de idade Yndiraima levou um tiro de arma de fogo (pistola 380) no pescoço que fraturou a sua coluna. “Devido esse acidente fiquei paraplégica e continuei sofrendo ainda mais com negligencia familiar. Continuei morando até os 15 anos com minha mãe, tive depressão, pois sofria muita humilhação”. 

Para piorar a sua situação familiar foi agredida fisicamente, e ela então deu um passo importante na sua vida – DENUNCIOU a mãe ao Conselho Tutelar da Zona Sul de Macapá e a Vara da Infância e Adolescência da Comarca de Macapá. “O Conselho Tutelar da Zona Sul de Macapá era presidido pela Conselheira Regiane Gurgel e ela juntamente com sua equipe me tiraram de casa e me trouxeram para o abrigo da Casa da Hospitalidade em Santana, onde resido até hoje. Aproveito para agradecer a este anjo que apareceu na minha vida, Regina Gurgel e seu esposo são meu padrinhos de Batismo, trouxeram a luz para minha existência”. 

Yndiraima aproveitou para estender os agradecimentos as irmãs e a administração da Casa da Hospitalidade. “Hoje resido em Santana e moro no Abrigo da Casa da Hospitalidade. Hoje, considero minhas mães as irmãs Marcia Avelina de Jesus, Aritusa dos Santos Bottaro, Maria Nina Silva e Elza Cunha, incluindo Leni Pacheco e Francklin Vianna, que estão sempre dando suporte, pois são eles que cuidam de nós. Fomos acolhidos e nos tornamos uma família de fato”. 

Concluinte do Ensino Médio neste ano, na Escola Almirante Barroso, Yndiraima está aguardando o resultado do ENEM para ingressar na Faculdade de Direito que é sua maior meta de vida. 

Nestes seis anos de mudança radical de vida, se encontrando consigo, e alcançando metas que não existiam no início de sua atribulada vida, a jovem se encontrou com o esporte e tornou-se uma grande paratleta que vem conquistando o reconhecimento do mundo desportivo amapaense e nacional. 

“Eu iniciei no esporte em 2013, na época eu tinha 16 anos. Fui descoberta pelo professor Marlon Gomes que visita sempre o abrigo e convidou para fazer um teste na Associação de Esporte para Pessoa com Deficiência (AAEPED) onde ele é técnico e presidente. Minha primeira experiência em competição foi em um regional de atletismo em 2014, em Natal (RN) e lá tivemos a certeza de que estava fazendo o certo, pois na primeira competição consegui a medalha de ouro no lançamento de dardo e de prata no peso e no lançamento de disco. Assim entrei no ranking das três melhores atletas do país. Em 2015 tive o mesmo resultado e fui para o Nacional em São Paulo, conseguindo o segundo lugar no Brasileiro, e agora em 2017 fechamos o ranking como primeira colocada no lançamento de disco”. 

O avanço, ela explicou, foi graças a Prefeitura Municipal de Santana que disponibilizou monitores para ajudar no treinamento e preparo físico, o que a fez conseguir, ainda, as três medalhas de ouro em peso, atletismo e dardo, sendo este último à especialidade da atleta.

E ao Governo do Estado do Amapá, através da SEDEL, pois foi beneficiada com a Bolsa Esporte. Para Yndiraima a maior honra foi receber a indicação de melhor paratleta feminina, entre os mais de quatrocentos competidores. 

“A gente pode ver o quanto o apoio da Prefeitura e do governo do Estado, através da Bolsa Esporte, veio para melhorar a minha vida como atleta e a vida dos meus colegas. Nessa competição eu pude focar mais, eu pude ter um melhor empenho durante os treinos, porque antes eu não treinava tantas vezes por semana, justamente porque não tinha o auxílio de monitores”, explicou Yndiraima. 

Matéria do jornalista Reinaldo Coelho, postada no jornal Tribuna Amapaense

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