Serviço de mobilidade urbana apaga pedaço da história de Santana: “Bizarro”

Trilhos de ferrovia somem com serviços asfálticos
Uma cidade se faz com progresso de várias décadas ou séculos. Um olhar momentâneo sobre os trilhos de uma ferrovia desativada, que quase desapareceram em meio à vegetação ou a tecnologia, ainda conseguimos encontrar o que restou de um sonho amapaense da época. 

O início desse progresso se deu através da construção da estrada de ferro que partiria do canteiro de obras da mineradora ICOMI, em Porto de Santana, o qual foi alavancado seus primeiros traços de terraplanagem da longa estrada no início de 1953. 

Da efetivação desse sonho – já em 1957 – até o ano de 2014 (quando a ferrovia ainda esteve comercialmente ativa) foram milhões de toneladas de minérios de manganês e ferro que “cortaram” os quase 200km de ferrovia, vindo do município de Serra do Navio até chegar no pátio de estocagem de minérios na cidade de Santana. 

Assunto bastante discutido nas redes sociais
Desde então, o que tem se visto é um abandono do poder público que nos últimos anos veio apenas criando inúmeras promessas de reativação daquela que liga quatros municípios amapaenses e mantinha uma importante relação com os colonos residentes ao longo da ferrovia. 

Recentemente, o professor santanense Sérgio Guedes postou uma foto de uma situação que pode-se considerar como um ato de desrespeito e desvalorização histórica com um pedaço daquela que um dia serviu de ponte de acesso entre dezenas de localidades e transporte de minério que ajudaram fortemente na economia de um Amapá de outrora. 

“BIZARRO. No projeto de mobilidade da PMS e GEA esqueceram de dizer para o engenheiro da obra que Santana têm uma história (trilho) e que essa história não pode ser enterrada (R: Tancredo Neves)”, assim está descrita na postagem do professor, que viralizou entre os internautas amapaenses. 

Professor santanense Sérgio Guedes
Bastante conhecido na segunda maior cidade do Amapá, Sérgio deixou claro entre os comentários dos internautas o dever do poder público sobre a questão da preservação física desses bens históricos. 

“Lembro que em 1996, eu e o Silvio Romero apresentamos a câmara de vereadores a proposta da Unesco para tombamento da Vila Amazonas, mas os vereadores foram contra. Inclusive um vereador, não vou dizer o nome, mas ele morava no Igarapé da Fortaleza e trabalha na Caesa, assim resmungou naquele casa de lei: "-... Quero dizer aos moradores de Vila Amazonas que eu sou contra esse projeto. Porque sou contra tudo que é antigo, pois sou a favor da modernidade..." Aí vamos esperar o quê para o município de Santana?...”, respondeu o professor a um internauta. 

A Secretaria de Estado dos Transportes (Setrap), que acompanha os serviços de terraplanagem e asfaltamento em Santana, disse que a situação compete à empresa terceirizada tomar esses cuidados com esses detalhes.

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