Pouco conhecido, primeiro cemitério de Santana ainda mantém dezenas de sepultados

Área deixou de receber enterros na década de 1970
Quem nasceu (ou pelo menos já reside) na cidade de Santana há mais de três décadas, com certeza já deve ter ouvido falar no Cemitério Cumaru, o primeiro espaço onde eram sepultados os moradores da segunda maior cidade do Amapá. 

Localizado numa área que fica aos fundos de um matadouro particular (na beira do Rio Amazonas), no bairro Novo Horizonte, poucas informações existem sobre o seu surgimento, contados ainda no início da década de 1950. 

Pioneiros relatam que a ideia de utilizar o local partiu de moradores ribeirinhos, que moravam na Ilha de Santana, e costumavam atravessar quase que diariamente para o lado direito do extenso Rio Amazonas, quando a extinta mineradora ICOMI começava a se implantar na região. 

Existem ainda cerca de 80 sepultados no local
“Nesse tempo os caixões eram feitos pela própria família do falecido que ainda custeava a travessia da ilha para esse lado do cemitério”, relembra o aposentado Manoel Santos, de 64 anos, que visita anualmente o local. 

Segundo o aposentado (que possui vários parentes enterrados no local), este primeiro cemitério já chegou a ser bastante visitado em outros anos. 

“Os próprios moradores da região e alguns parentes de falecidos que vinham limpar o local todos os anos e dificilmente víamos o matagal acumulado nas covas”, disse o aposentado.

Capela e cruzeiro do antigo cemitério
Para sepultamentos, o espaço foi oficialmente desativado no final da década de 1970, por ordem do Governo Federal que adquiriu uma extensa área das imediações para a instalação de um cais da Portobrás, ficando o então cemitério santanense sob um limitado terreno pouco acessado pelos visitantes. 

“Muita gente deixa de vim ao local por achar que ele não funciona mais, e bem poucos sabem que é possível chegar através do rio”, esclarece. 

Apesar de não seguir uma ordem de colocação de túmulos – onde as covas estão espalhadas de modo aleatório pelo local – e a existência de uma capela inacabada, calcula-se que ainda estejam sepultadas cerca de 80 pessoas na área, sendo que a maioria foi transferida para o atual Cemitério Municipal de Santana (construído em 1977), situado no bairro Nova Brasília. 

Seu Manoel visita o antigo cemitério todos os anos
Mesmo com a maioria dos jazigos não tendo identificação mortuária (e bem menos havendo um responsável-administrativo que pudesse orientar os visitantes), ainda é visível enxergar algumas datas de falecimentos nas lápides de pessoas ali enterradas, que variam entre os anos de 1959 e 1974. 

Entre os sepultados mais antigos, está o holandês Peter Van Schepemberg, que manteve uma famosa serraria na Ilha de Santana entre as décadas de 1950 e 1960, e chegou a ser um dos maiores fornecedores de madeira no Brasil. 

Limpeza 
Entrada (subida) de acesso para o antigo cemitério
Numa visita feita ao antigo cemitério na tarde desta quarta-feira (1º de novembro), o blog constatou que funcionários lotados em um matadouro (que fica ao lado do local) estavam fazendo a limpeza da área, com serviços de podagem e roçagem dos jazigos. 

“Desde a semana passada, entramos em contato com a Prefeitura de Santana para pedir pela limpeza do local, e como não responderam nosso pedido, a direção do matadouro decidiu por conta própria manter o lugar bem limpo para o Dia de Finados”, disse um funcionário do matadouro. 

Além da retirada de imenso matagal sobre as antigas sepulturas, os funcionários também realizaram pequenos serviços de reforma e pintura da capela inacabada, do cruzeiro e do letreiro de entrada do cemitério.

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