Judiciário: Projeto Círculo de Fortalecimento de Mulheres atende moradoras do bairro Fonte Nova

O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Santana mantém, há dois anos, uma parceria com a Associação Nossa Família, que atende prioritariamente mulheres grávidas e crianças em situação de vulnerabilidade social. 

A partir do lançamento da campanha Justiça e Paz em Casa pelo Judiciário em todo o Brasil, a parceria realizou o evento denominado Círculo de Fortalecimento de Mulheres – Violência Doméstica, com as moradoras do bairro Fonte Nova, onde fica localizada a Associação. 

A titular do referido Juizado, magistrada Michele Farias, abriu, na última sexta-feira (25/08), o Círculo de Fortalecimento de Mulheres. Na ocasião, ela explicou que mensalmente sua equipe vai até a Associação para atender as mulheres cadastradas nos programas de assistência. 

A novidade é que “homens, os companheiros dessas mulheres, estão participando dessas reuniões, que são feitas em forma de círculos de diálogo, com perguntas restaurativas que possibilitam seus relatos”, explica a Juíza. 

Para a titular do Juizado, “um dos grandes entraves para a Lei Maria da Penha é o reconhecimento pela própria mulher de que ela é vítima de violência”. Relata ainda que a discussão conduzida nos círculos faz com que muitas comecem a enxergar a situação de violência em que vivem. 

“O que a gente busca é conscientizar tanto a mulher quanto o homem de que eles são seres independentes, que têm a possibilidade de realizar-se sozinhos e que o relacionamento tem que ser saudável e que se construa para acrescentar à vida de cada um”, conclui. 

De acordo com assistente social do Juizado, Janice Divino, “a metodologia utilizada neste evento consiste na formação de sete círculos restaurativos, nos quais vamos conversar sobre violência doméstica”. 

Nesses círculos os participantes têm a oportunidade de falar sobre as suas necessidades, suas vivências em casa e refletir sobre a questão da violência. 

“Para esse evento chamamos também o CAMUF, o CRAM e o Núcleo de Mediação e Práticas Restaurativas do Ministério Público”, relatou a técnica. 

Para Neide Santos, também assistente social, o trabalho nos círculos “faz com que as mulheres que vivem em situações de violência sintam-se fortalecidas para procurar ajuda”. 

Segundo ela, “os temas que são apresentados para a reflexão nos círculos têm o foco no fortalecimento do aspecto emocional, porque muitas vezes a mulher vive a violência, mas a dependência afetiva e emocional faz com o ciclo desta agressão seja reproduzido”. 

A Associação Nossa Família, que sediou o evento, é mais uma entidade social fundada por missionários italianos. 

Ângela Lima, vice-presidente da entidade, conta que há 23 anos o bairro Fonte Nova recebeu a Associação Nossa Família, que existe em diversos países. O foco é o acolhimento de cerca de 738 mulheres, principalmente as grávidas, com atendimento pré-natal, ambulatorial, clínico e assistencial. Além das mães, cerca de 1.038 crianças participam de projetos diversos. 

“No início das atividades não víamos homens nesse centro. Agora vemos pais que acompanham as esposas ou mesmo trazendo a criança. Em uma palestra como essa, sobre violência, podemos observar que há pais que ficam com seus filhos, ou seja, hoje atendemos as famílias, e isso é uma evolução”, finaliza Ângela.

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