“Novo Amapá” em destaque nacional e internacional

Jornal "The New York Times" (09/01/1981) dando a
notícia do desastre na Amazônia
Segundo o saudoso jornalista Hélio Pennafort (1938-2001), que na época do desastre do barco “Novo Amapá” chefiava o Departamento de Comunicação Social do então Governador Anníbal Barcellos, a triste notícia do acidente foi alarmada para a imprensa nacional ainda no mesmo dia em que chegaram os sobreviventes e ribeirinhos que estiveram no local do ocorrido. 

“Era quase onze horas da noite do dia 07 de janeiro quando o telefone de casa tocou e me surpreendi que a ligação era do próprio governador (Comandante Anníbal Barcellos) que me perguntou se eu sabia de algum naufrágio. Respondi que não, mas que iria buscar melhores informações o quanto antes”, relembrou o jornalista Pennafort, numa entrevista concedida ao semanário “Folha do Amapá”, em janeiro de 1997. 

"Jornal do Brasil" (circulação nacional) de 11/01/1981.
Pennafort contou ainda que a repercussão do naufrágio chamou a atenção de diversos periódicos nacionais e internacionais, que chegavam a ligar constantemente para o Palácio governamental do Amapá. 

“Os dois telefones que haviam no gabinete (do governador) não paravam de tocar, eram repórteres de vários lugares do Brasil buscando detalhes do naufrágio e a opinião do governador sobre o ocorrido. Chegávamos a emitir uma Nota Pública por dia para ajudar nos esclarecimentos para a população”, relembra. 

"Tribuna da Imprensa" (RJ) de 10/01/1981,
publicou mapa demonstrando o local do
naufrágio entre o Pará e o Amapá.
Repercussão
Os jornais paraenses “Folha do Norte”, “A Província do Pará” e “O Liberal” foram os primeiros a noticiarem com detalhes os acontecimentos relacionados ao desastre, recebendo informações diárias com o Departamento de Comunicação Social do Governo do Amapá e outros repórteres residentes em Macapá. 

“A PRC-5 (emissora de rádio de amplitude regional na Amazônia) deixou a sua programação de radio à disposição do Governo do Amapá, e transmitíamos de 03 a 04 informações novas por dia para os noticiários da emissora, o que ajudou bastante na repercussão daquele fato”, disse Pennafort. 

No dia 09 de janeiro, diversos jornais de âmbito mundial, como o “Le Monde” (França) e o “The New York Times” (EUA) destacariam o ocorrido em suas páginas. 

Um repórter que morreria em sua missão!
Quando as primeiras informações sobre o fatídico chegaram à Belém (PA), no final da tarde do dia 07 de janeiro, o jornal paraense “A Província do Pará” decidiu enviar imediatamente uma equipe de reportagem para fazer a cobertura do fato. 

O editor interino daquele respeitado diário da Região Norte (Milton Trindade) incumbiu essa tarefa para 02 grandes profissionais que a imprensa local tinha total confiança: o fotógrafo-cinegrafista Rodolfo Oliveira e o repórter Emannuel Squires (ainda acadêmico em Jornalismo pela UFPA). 

Os dois repórteres deixaram Belém (PA) na manhã do dia 08 de janeiro, após embarcarem em um avião Cesna-210 monomotor, de prefixo PT-KFJ, com destino à Macapá (AP). Para surpresa de quem acompanhava os acontecimentos que vinham do Território do Amapá naquela semana, foi a triste notícia de que aquele aeroplano (contendo os 02 repórteres), pertencente à empresa de táxi aéreo Kovacs, não cumpriria a escala vice-versa. 

Ou seja, o monomotor, pilotado por Jaime Cruz Costa (um dos mais experientes pilotos da empresa aérea), chegaria à Macapá onde cobriria todos os acontecimentos relacionados ao naufrágio do Barco “Novo Amapá”, ficando aqueles profissionais da imprensa por mais de 24hs no Território amapaense. 

Matéria do jornal "O Globo" de 11/01/1981.
Após recolherem um extenso material fotográfico para seres publicados no jornal “A Província do Pará”, o repórter Emanuel recebeu a missão de levar aquelas “manchetes” de retorno ao jornal, ficando o colega Rodolfo Oliveira em Macapá para repassar novas informações via telefone. No entanto, ao deixar a capital amapaense na tarde do dia 09 de janeiro, o monomotor Cesna-210 desapareceria no trajeto Macapá-Belém. 

Foi preciso acionar uma equipe de buscas e salvamentos da Força Aérea Brasileira (FAB) que percorreu todo o trajeto do Rio Amazonas (do cais de Belém até a frente de Macapá) e localizou os destroços da aeronave na tarde do dia 11 de janeiro, após receberem a informação de um pescador que subira o Rio Moções, nas proximidades do município de Anajás. 

A aeronave encontrava-se totalmente destruída nas águas, sendo que os corpos dos dois únicos ocupantes foram transportados para a sede do município de Anajás e posteriormente trazidos para a capital paraense (Belém-PA), onde seriam homenageados pela imprensa e pela Aeronáutica.

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